Clube da Robótica capacita professores da rede estadual em Telêmaco Borba para a volta às aulas
O Clube da Robótica, startup incubada na Agência de Inovação e Propriedade Intelectual da Universidade Estadual de Ponta Grossa (AGIPI-UEPG), encerrou nesta segunda-feira (30) uma capacitação com professores do Colégio Estadual Wolff Klabin, de Telêmaco Borba. Durante quatro dias 20 professores receberam treinamento para o uso do laboratório de robótica da instituição, o primeiro em escolas estaduais do Paraná.
No ano passado o Colégio recebeu como doação da Klabin a reforma e implantação de um laboratório Maker, estruturado com ferramentas, máquina de corte a laser e impressoras 3D para atividades de robótica e de apoio a outras disciplinas. Contudo, para operar as máquinas e tirar os projetos do papel, os professores precisavam de suporte. Então, com a capacitação realizada pelo Clube da Robótica, os docentes aproveitaram o período de férias para se prepararem para a volta às aulas, que acontece na próxima semana.
Segundo o CEO do Clube da Robótica, Evandro Kafka, o objetivo é dar autonomia aos professores para utilizarem a estrutura do laboratório em suas aulas e criar materiais didáticos. Além disso, a equipe do Colégio foi incentivada a ampliar horizontes e rentabilizar o que é produzido no local. “A Klabin deu um importante primeiro passo, montando o laboratório com uma excelente estrutura, mas agora a responsabilidade de mantê-la é da escola. Por isso, é importante que o laboratório tenha alguma renda, a fim de não onerar o colégio. O objetivo não é ter lucro, mas conseguir manter o que já se tem”, explica Kafka.
Preparação para a volta às aulas
Durante o treinamento, os funcionários do colégio praticaram o que aprenderam e desenvolveram projetos para o retorno escolar. Alguns deles foram voltados para atividades em sala de aula, outros para atividades extras e até mesmo para melhoria da qualidade de vida de alguns estudantes.
Dois professores de Matemática, por exemplo, desenvolveram ferramentas de auxílio nas aulas, como o Tangram e uma régua de frações utilizando MDF cortado a laser. O professor Gefferson Luiz dos Santos, explica que o material será útil desde os anos iniciais até o Ensino Médio. “Eu vejo total aproveitamento em sala de aula, pois é um conteúdo muito cobrado na Prova Paraná e no Vestibular. Além disso, um dos menores índices de acerto na Prova Paraná é nas questões de frações. Se eles aprenderem bem os conceitos através dessas ferramentas, terão muito mais êxito nessas provas”, explica. A professora de matemática Rosângela Gioia Siqueira participou do desenvolvimento do projeto, e conta que a régua de frações é um material idealizado por ela há muitos anos: “Uma vez eu fiz um molde dessa régua em cartolina e pedi a ajuda de um marceneiro para fazer o material. Aqui, deu para fazer o corte todo em uma única folha de MDF. Foi muito mais simples de fazer e gerou um material mais fácil de manusear em sala”, relata.
A professora Rosângela também auxiliou o projeto desenvolvido pelas agentes de apoio Rosemary Lacerda e Carla Maria dos Santos Jorge. As agentes são profissionais responsáveis pelo auxílio na mobilidade dos alunos com deficiência e, pensando nas necessidades do dia a dia deles, desenvolveram um tampo móvel que, encaixado na cadeira de rodas serve como mesa de apoio para alimentação, ou carteira escolar. Carla afirma que essa ferramenta permitirá uma maior inclusão do alunos: “Hoje os cadeirantes usam uma carteira maior, o que muda toda a disposição das outras carteiras na sala. A ideia é incluir o aluno, para ele ficar onde quiser durante a aula, e na hora do lanche estar mais confortável”.
Outra proposta de inclusão que o Colégio possui é a Sala de Recursos, responsável por prestar apoio a alunos que precisem trabalhar competências como comunicação, trabalho em equipe e dificuldades de aprendizagem. Para isso, o professor de Língua Portuguesa, João Luiz de Camargo Taques, e a professora responsável pela Sala de Recursos, Vera Lúcia Galvão, desenvolveram um quebra-cabeças 3D de um dinossauro. As peças foram cortadas a laser em MDF e auxiliarão alunos de diferentes idades e em diferentes disciplinas. “Para darmos suporte a esses alunos, precisamos pensar em soluções dinâmicas e com materiais concretos, que despertem o interesse e colaborem para o aprendizado. Esse dinossauro não é tão simples de montar, e os alunos vão precisar acionar diferentes processos cerebrais. O erro da montagem também ensina muito, porque assim se desenvolve o raciocínio, a memória, o trabalho em grupo, e a resolução de problemas”, explica Vera. “Eu já tinha visto na internet e queria muito um quebra-cabeças desses para as nossas atividades, mas é um material muito caro. Então, poder construir um na escola, torna possível o que antes não seria”, complementa.
Resultados
A capacitação desenvolvida é fruto de uma parceria com a Linha Estratégica de Educação Empreendedora do Sebrae. Para Márcia Beatriz Silva, consultora do Sebrae, o objetivo não é só ensinar os professores, mas ampliar horizontes. “Os professores são naturalmente muito empreendedores, seja nas ações em prol da escola, seja nas inovações propostas no ensino em sala, mas nem sempre eles se reconhecem como empreendedores. Então essa é uma oportunidade de que eles inovem e gerem recursos, para o próprio laboratório”, avalia.
Já para os alunos, o empreendedorismo, segundo Márcia, é incentivado em espaços e atividades que promovem sua autonomia: “Quando o jovem empreendedor tem o apoio de uma instituição de ensino, ou mesmo do Sebrae, ele tem uma proteção que o incentiva a desenvolver suas ideias e passa a ter um leque maior de possibilidades, inclusive para explorar novas carreiras”.
A diretora do Colégio, Ionara Cristine Orso Jakovacz, avalia positivamente os resultados apresentados pela capacitação: “foi fantástico ver a empolgação dos professores. Quando a gente vê esse brilho no olho deles, a gente sabe que isso vai ser transmitido para os alunos também”. Da mesma forma, os docentes se mostraram satisfeitos com a experiência, principalmente por terem a oportunidade de praticar o que foi ensinado. “Geralmente os cursos que a gente faz são todos voltados pra teoria, aqui deu pra gente testar, ver o que dava errado e aprender realmente”, avalia a professora de física e matemática, Eliane Aparecida de Souza Costa.
Texto e fotos: Cristina Gresele