Por Bruna Alexandrino
Brasil, 13 de maio de 1888. Num ato político, embasado no comércio e nas proibições internacionais de escravidão, a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea.
Sob o mito da democracia racial, o Brasil criou inúmeras leis de libertação negra, contudo sem promoção da igualdade racial. Após 400 anos de tortura, sendo retirados de suas terras-mães, centenas de escravos se viram livres e sem nenhuma condição de inserção social. O que restou? Guetos, periferias e condições análogas ao trabalho escravo da época dos senhores de engenho.
Com um modelo educacional baseado no eurocentrismo, aprendemos que a abolição da escravidão ‘solucionou o problema’. A história do negro foi escrita e contada, ano após ano, na visão do outro. Do branco. Daquele que não sabe o que é ter sua origem resumida a‘descendente. de escravo’. O ex-escravo, antes da condição de escravo, é negro.
Apenas nos anos 2000 nos deparamos com uma princesa ‘negra’. Negra entre aspas, porque o tom da pele não condiz com os traços europeus desenhados. A criança negra não tem um correspondente nos brinquedos, nos filmes, na novela e – acredito que mais preocupante – não tem sua cultura respeitada.
13 de maio não é uma data a se comemorar. A condição na qual o negro foi marginalizado no Brasil não serve de festividade, mas sim como uma data de fortalecimento identitário. Uma data para promover debates sobre o racismo, principalmente o velado, tão comum no dia a dia. O preconceito racial tornou-se o crime perfeito desde que decidimos vela-lo. ‘Ah, uma piadinha não ofende’.
Em contrapartida, a luta do movimento negro é marcada em 20 de novembro, data de assassinato de Zumbi dos Palmares. Um herói brasileiro na luta contra a escravidão, que tem sua história deixada de lado em detrimento de nomes como Mandela. O equívoco? Esquecer o maior nome da luta brasileira. A luta do negro está no dia a dia, esta nas ‘piadinhas’, está na caracterização do negro como cômico, exótico, estereotipado. A luta é pela promoção de igualdade e da democracia racial.
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