A 32ª edição do Festival Universitário da Canção (FUC) bateu recordes nas inscrições de músicas regionais, desde a divisão entre as etapas regional e nacional. O FUC surgiu em 1980, mas a partir da edição de 2005 foram criadas as duas etapas. A edição de 2019 contou com 30 inscritos para a etapa regional, um recorde de números para o Festival.
A coordenadora do FUC, Sandra Borsoi, dá créditos ao próprio Festival, e também à comunidade, para o novo recorde. “A comunidade possibilitar a mostra desses trabalhos é algo significativos para os músicos”, afirma Borsoi. A musicista e vencedora do FUC Nacional de 2014, Vivian Bueno, reitera a fala da coordenadora sobre a importância do evento para artistas da região. “Nele você divulga trabalho autoral, conhece e troca experiências com outros artistas, além de ser reconhecido no meio”, explica Bueno.
Em contrapartida, o número de inscritos para a etapa nacional diminuiu de 122 em 2018 para 80 em 2019. Apesar do aumento de inscritos na etapa regional, o número total de inscritos do Festival diminuiu 23,60%. O músico Cláudio Chaves já venceu duas edições do FUC, além de participar em outras como jurado, e afirma que a diminuição de inscritos da etapa nacional se deve ao modo como foram conduzidas as organizações anteriores do Festival.
Chaves ainda comenta sobre as diferenças do cenário musical do primeiro FUC que participou – e ganhou – em 1982 e do atual momento. “Hoje em dia, a arte está tão desvalorizada, inclusive por parte do Governo Federal, que um festival histórico como o FUC tem que ser o ponto mais democrático pra você mostrar sua arte”, ressalta Chaves. Para Sandra Borsoi, a crítica de Chaves está entre um dos objetivos do Festival. “O FUC tem que democratizar a arte e a cultura. Ele faz isso veiculando canções autorais e de qualidade para conhecermos a arte da música do país”, explica Borsoi.
Vivian Bueno diz que espera algum tipo de manifestação contra o atual momento político na realização do 32º FUC. “Desde o início foi um lugar de muito protesto envolvido. Isso reflete nos artistas. Acredito que terá músicas não só em relação a práticas do Governo mas também a situações sociais, relacionadas a qualquer tipo de preconceito”, afirma Bueno.
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Como funciona o FUC
A coordenadora do FUC, Sandra Borsoi, explica que o evento acontece através de lançamento de editais com o regulamento do Festival: “No regulamento, tem datas e prazos para os artistas inscreverem suas canções, que devem ser autorais, inéditas e em português”. O Festival tem duas etapas, a regional (para artistas dos Campos Gerais) e a nacional (para candidatos de outras regiões). Já no momento da inscrição, o artista deve indicar a competição que será participar. Após a inscrição, as músicas são checadas para ver se atendem ao regulamento e encaminhadas para uma curadoria. Os curadores fazem avaliação cega das músicas inscritas. A inscrição é apenas em áudio. Da seleção prévia, são indicadas 18 canções para a etapa nacional e outras 12 para a regional.
Na primeira noite do festival, as 12 músicas selecionadas da etapa regional são apresentadas no palco, com quatro jurados avaliando uma a uma. As três melhores músicas são classificadas para competir na etapa final do evento. Na segunda noite do FUC, as 18 músicas selecionadas da etapa nacional são apresentadas e avaliadas pelos jurados. As nove melhores são classificadas para a etapa final.
No terceiro e último dia do FUC, ocorre a etapa final, com apresentação das 12 músicas classificadas das duas etapas. A avaliação dos jurados é computada por terceiros e então acontece a premiação. Em 2019, o prêmio é de R$3.500 para o vencedor da etapa final, mas todos os 12 classificados serão premiados.
Pela primeira vez na história do Festival, a organização criou inscrições para o “FUC Itinerante”, que deveria acontecer durante os dias 9 e 12 de junho. Nessa modalidade, os participantes de Ponta Grossa poderiam se inscrever para se apresentar em lugares públicos e de grande circulação de pessoas. Porém, o evento paralelo à competição foi cancelado devido à falta de verbas.
Borsoi explica que o orçamento previa apenas o transporte desses músicos, mas os inscritos pediam equipamentos para tocar no local, alimentação e cachê, o que impossibilitou o acontecimento. “Não aconteceu, mas queremos manter para os próximos FUC. Um sonho e um desejo que não morre aqui. Ele frutifica para que a gente possa pensar com mais qualidade para atender os músicos”, afirma a coordenadora.
A 32ª edição do FUC acontece entre os dias 13 e 15 de junho no Cine Teatro Ópera.
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