As luzes se apagam vagarosamente. Apenas o som de respiração é ouvido. Em espanhol, o personagem explica: “A comédia que vamos apresentar é humilde e inquietante, comédia rota, dos que querem arranhar a lua e arranham o próprio coração”. E assim, dá-se início ao espetáculo ‘O Malefício da Mariposa’ do Grupo Ave Lola Espaço de Criação, de Curitiba, na noite do penúltimo dia de Fenata (13/11), no Cine-Teatro Ópera.
A peça fala do amor no mundo dos ‘insetos-poetas’. Sílvia, é uma “besoura” apaixonada que não tem seu sentimento correspondido. Apaixona-se por Curianito, que é induzido pela mãe a casar-se com Silvia pelo fato dela ser rica. Mas, Curianito defende-se: “sem amor, não caso!”. Ele se diz apaixonado por uma “estrela que parece uma flor a qual vive em seu pensamento”. O enredo se desenrola no relato das relações afetivas entre os ‘insetos personagens’, encerrando no objetivo de salvar o amor de Curianito, a Mariposa, que não mais existe apenas em seu pensamento, mas que precisa de ajuda para sobreviver.
Em uma mistura de poemas, rimas e mescla entre espanhol com português os personagens vão se construindo: hora representados pelos próprios atores que movem-se como insetos e tem as faces pintadas, hora por fantoches manipulados pelos mesmos atores, que vestem branco e usam um véu rendado sobre o rosto. O cenário traz um céu azul e biombos brancos que além de ocultarem os atores quando mudam de personagem, também tremulam a fim de simular o movimento de voo dos insetos.
A direção do espetáculo é de Ana Rosa Genari Tezza. Alessandra Flores, Val Salles e Janine de Campos dão vida aos diversos personagens da peça. Val conta que ontem (13/11) completaram 103 apresentações deste espetáculo. Explica que a peça é de 1923 com texto de Federico Garcia Lorca. “À convite de Cristine Conde, produzimos a peça com base na obra de Federico, adaptando o nosso corpo aos personagens”, explica Val. Alessandra conta que sempre ensaiam maquiados e com o figurino da peça. “Vamos criando, ao longo dos ensaios, as roupas e os movimentos”, explica.
Reportagem de Gabrielle Rumor Koster
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