África representada em festa étnica

Um sorriso negro, um abraço negro traz felicidade. Com alegria, dança e tradição, a Sociedade Afro-brasileira Cacique Pena Branca organizou uma feijoada em comemoração ao Dia da Consciência Negra no Brasil. Além de toda a data simbólica, o significado da festa para um grupo de raízes culturais africanas fez-se revelar muitas histórias sobre religião e solidariedade para com o próximo.

Apresentações de danças típicas, trajes africanos específicos, percussão, como chocalho e tambor, e músicas que caracterizam a umbanda, configuram a comemoração do dia 20 de novembro. O local onde tudo foi celebrado, a Chácara Antônio Alquércio Batista, tem muita história pra contar. Comprada por um grupo de pais e mães de santo configura-se, atualmente, por um local de espiritualidade e assistencialismo.

A chácara existe há 21 anos e começou como uma creche, onde frequentavam apenas crianças carentes da região do Jardim Santa Luzia. Atualmente, também é terreiro de umbanda e restaurante. Todos os anos, uma cavalgada em louvor a São Miguel Arcanjo é organizada pela Sociedade.

Obras assistenciais são feitas no local, dentre elas, o Clube de Mães do Jardim Santa Luzia, onde se fabricam panos de prato, chaveiros e bonecos, todos artesanais. A arrecadação da venda dos objetos é revertida para a comunidade próxima. Há uma biblioteca comunitária organizada pelos próprios moradores da chácara, que viram uma necessidade de documentar a cultura afro-brasileira através de livros. Na biblioteca também são oferecidas aulas de informática. A Sociedade Afro-brasileira Cacique Pena Branca alimenta crianças carentes da região e presos no minipresídio Hildebrando de Souza de Ponta Grossa.

O sustento do grupo vem de doações de alimentos, bazares e de um restaurante  mantidos por Tânia Mara Batista, mais conhecida como Dona Tânia. “Fazemos parte do Quilombo Santa Cruz, e não somos assistenciados por nenhuma entidade governamental, tudo o que temos foi construído por nosso próprio esforço”, diz. Para Dona Tânia, o “Dia do Negro” é pouco divulgado. “A maioria da população prefere comemorar festas de outros povos”, completa.

Toda a satisfação de comemorar o Dia do Negro é demonstrada por seu Amazonas de Jesus Batista. “Sou neto do primeiro professor negro do Paraná e ajudei a construir a chácara. Recebemos ajuda indireta para mantê-la. É uma honra fazer parte de uma comunidade tão tradicional e solidária como o Cacique Pena Branca”, conta.

A Colônia Quilombola Santa Cruz, distrito de Ponta Grossa, ajuda na organização da feijoada do Dia do Negro. “Minha bisavó é descendente de escravos, e temos um grande vínculo com a Sociedade. Participo todos os anos, pois acredito que os negros precisam valorizar mais a sua cultura, precisa ser mais unida, sair do nosso mundo fechado e expor nossas ideias”, ressalta Ana Magali, pertencente à Colônia Santa Cruz.

Em Ponta Grossa, existem 4.600 terreiros de umbanda. Porém, o Cacique Pena Branca é o único documentado pelo município e pelo estado. Para saber mais sobre os projetos assitenciais, a religião e a cultura da Sociedade, e também como ajudar, acesse o site da sociedade aqui.

Reportagem de Jéssica Santos

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