Um dia no porão: os ratos de sebo de Ponta Grossa

Todos possuem um amigo viciado em livros. Há aquele que aprecia o cheirinho das obras usadas, tem curiosidades por diferentes histórias, não julga a capa pelo conteúdo, nem se é novo ou usado. Ele só quer ler um livro. Pode ficar mais de uma hora andando entre estantes à procura de uma obra que goste, de um autor desconhecido e até andar uma cidade inteira a procura de um livro, LP, disco, filme, jogo, revista ou cartaz específico. Esse amigo é o também conhecido como ‘rato de sebo’.

Os ratos de sebos são aquelas pessoas que chamam o atendente da loja pelo nome, conhecem mais o mapa de localização dos autores no sebo do que o mapa da própria cidade onde moram e chegam a ficar sentados horas no chão da loja folheando os livros, procurando obras específicas e decidindo qual comprar, além, é claro, de dar uma lida por ali mesmo. João Ademar Lima coleciona quadrinhos do Tex desde a infância. “Não sei quantos gibis tenho, só do Tex tenho mais de cinco anos de coleção”.

Segundo, o proprietário do sebo Espaço Cultural, são muitos os ‘ratos de sebo’ aqui em Ponta Grossa. “Tem colecionador de gibi que vem toda semana, e mulheres que vem no mínimo duas vezes por semana atrás de livrescos de romances”, afirma Roberto Beliatto. O proprietário diz ainda que há um cliente que ‘nunca falhava’, ia ao sebo todos os dias. “Hoje por causa da idade, faz uns dois dias quenão passa por aqui”.

Elton Hartman é dono do sebo Pantera, especializado na venda de áudio e vídeo. Ele afirma que tem clientes que passam toda semana, à procura de vinis, principalmente de rock e clássicos da música, como Ray Charles, Louis Armstrong. “Quando conseguimos algum álbum em LP eles são vendidos muito rápidos, independente do preço”.

O diferencial dos sebos é que os produtos são bem mais baratos e é possível encontrar obras que não são impressas mais por um preço acessível. No sebo, é pronta entrega. Outra vantagem dos sebos é que ele se torna um ‘centro comercial’ de produtos culturais, como os burgos do fim da Idade Média e início da Idade Moderna. Eles funcionam na dinâmica do compra e vende. Qualquer um pode vender um livro usado ou até trocá-lo por um nos sebos. Esses são os fatores que tornam alguns mais saudosistas os tão dedicados ratos de sebo.

Reportagem de Leonardo Barretta, Luan Azevedo e Lucas Waricoda

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