Expressões corporais artísticas movimentam pessoas todos os dias em diversos lugares do mundo, como forma de exercício físico, de distração ou de exercer uma profissão. Com a dança circular não é diferente. Apesar de pouco conhecido em Ponta Grossa, esse gênero de expressão corporal reúne pessoas das mais variadas idades todas as segundas-feiras à noite, na Casa da Dança.
“Através da dança circular você esquece os problemas de casa, do trabalho, da família. Todos temos problemas, mas a dança nos permite esquecê-los um pouco. Ela é aqui e agora, você está pensando no momento exato, não no passado e nem no futuro”, explica Moisés Pariona, responsável por trazer a dança circular para a cidade.
O gênero de expressão corporal é aberto a todos os públicos, também se encaixa em qualquer ritmo musical e pode ser praticada em qualquer lugar. Basta que os interessados deem as mãos, formem uma roda e sejam criativos e bons de improviso na hora de elaborar a coreografia.
De acordo com Pariona, a iniciativa surgiu da necessidade de divulgar a dança circular em Ponta Grossa. “Este ano, com o Setembro em Dança, tive a oportunidade de fazer oficinas de dança circular e aproveitei para divulgar o gênero. A ideia é expandir mais, levar a outros lugares e beneficiar mais gente”. Ele explica que em 2013 tentou reunir algumas pessoas para praticar a dança na cidade, mas o projeto não foi para frente.
A atividade inicialmente fazia parte do Setembro em Dança, evento organizado pela Fundação Municipal de Cultura de Ponta Grossa. Entretanto, mesmo com o fim do evento, o projeto de reunir pessoas para praticar a dança circular continua na cidade. Pariona coordena um grupo que se reúne todas as segundas-feiras, a partir das 19h, na Casa da Dança de Ponta Grossa.
“Estou realizando um trabalho voluntário, a Prefeitura está doando o espaço. Eu faço porque eu gosto, faz bem para mim e sinto que faz bem às outras pessoas. É uma troca de energia. Então, vai continuar”, explica.
O primeiro contato com a dança
O coordenador do grupo de dança circular conta que conheceu o gênero de expressão corporal há aproximadamente três anos, em Joinville, Santa Catarina, onde tem alguns amigos. Pariona afirma que o gênero de expressão corporal o atraiu por ser algo livre, para todos que desejam praticar. “A dança é para qualquer um, não tem limite de idade e nem contraindicação”.
Antes de conhecer a dança circular, Pariona tinha muita dificuldade em praticar qualquer tipo de expressão corporal. “Para mim era muito difícil dançar, porque não tinha muita coordenação motora”. O coordenador explica que as pessoas não costumam mobilizar o corpo para esse tipo de atividade e fazem tudo no automático, por isso desenvolvem doenças e ficam muito estressadas. Entretanto, a dança circular auxilia principalmente na coordenação motora.
Por ter se identificado tanto com a expressão corporal, Pariona começou a praticar cada vez mais e em dois meses se formou em um curso de dança circular em Joinville. Ele conta que a maioria dos cursos está localizada nas capitais e grandes cidades do Brasil, como Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília.
“Tem excelentes professores que oferecem a formação e profissionais que dependem e vivem da dança circular e oferecem os cursos. Eu viajei bastante para fazer esses cursos, tive contato com diferentes profissionais. Claro que tudo isso tem um custo, um investimento, mas pra quem pretende aprender mais sobre essa expressão corporal, vale a pena”.
Atualmente, Moisés Pariona é professor do Departamento de Matemática da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e tem a dança circular como uma atividade extra em sua vida.
As coreografias
A dança circular não exige coreografias específicas e pode ser adaptada para qualquer estilo musical. Pariona conta que, quando começou a praticar, usava coreografias criadas por outras pessoas, mas com o passar do tempo aprendeu mais e conseguiu criar seus próprios passos.
“Comecei a dançar e cheguei em um momento que a coreografia que eu aprendi não era adequada, estava faltando alguma coisa e então mudei um pouco. Agora eu mesmo faço as coreografias, muitas músicas que são dançadas aqui na Casa da Dança utilizam minhas criações de passos”.
Pariona afirma que no começo era difícil, mas agora tem muita facilidade com a dança. “Começamos a dançar uma música nova e aí automaticamente parece que já surge a coreografia certa, mas isso demora um tempo. Para criar, eu me inspiro na natureza, no universo. Com pensamentos positivos, aí vem a coreografia”.
A primeira apresentação do grupo de dança circular de Ponta Grossa coordenado por Pariona aconteceu no dia 17 de setembro, no Colégio Estadual Nossa Senhora das Graças, localizado no Bairro da Boa Vista. Mas o grupo pretende levar a dança a mais lugares, como creches, asilos e praças públicas.
Os participantes
De acordo com Pariona, o número de pessoas que participam do grupo varia bastante, já que as pessoas também possuem outros afazeres. Ele conta que no primeiro dia de oficina foram 40 participantes, mas agora as reuniões sempre ficam entre 20 e 30 pessoas.
Cristina Donasolo é professora de Música e afirma que já conhecia a dança através de algumas amigas de outras cidades, mas nunca havia praticado. “Como eu já conhecia o Moisés, ele me convidou para participar do grupo e eu ajudei na divulgação para trazermos mais pessoas”.
A professora observa que a dança circular ajuda a unir as pessoas e torná-las mais solidárias. “A gente trabalha o dia todo e está sempre naquela correria, então, ao mesmo tempo em que se movimenta, é o momento que você tem para conhecer outras pessoas, para dar boas risadas. Também por ser circular, a dança tem essa questão da união, da solidariedade, do respeito entre as pessoas”. Cristina conta que também procura trabalhar a dança com os alunos de Música.
Já a estudante Ananda Elis afirma que não conhecia a dança circular antes de entrar no grupo. “Foi uma outra pessoa que me indicou a dança e contou que tinha um grupo aqui em PG. Comecei a participar e gostei muito, acho que a dança passa uma energia muito gostosa para todo mundo e proporciona uma paz interior”.
Pariona conta que, para ele, é muito importante divulgar a dança e proporcionar momentos de alegria para outras pessoas. “É uma terapia de saúde mesmo, você vê que as pessoas saem mais alegres, mais contentes. Isso é a dança circular, o principal objetivo é alegrar as pessoas”.
Reportagem de Bianca Machado
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