As queijadinhas de um litorâneo que todo ponta-grossense conhece

Gilmar Doehnert (Gil), 45. Paranaguaense. Atualmente, vendedor de queijadinhas em Ponta Grossa. A ideia de vender esse doce típico do sudeste brasileiro surgiu em meados dos anos 1980. Seus pais, Valdemar Doehnert e Silésia Doehnert, começaram a vender doces, como cocadas e sonhos, depois de ter acabado de se mudar de um sítio para a cidade portuária.

Gil trabalhava em uma loja de materiais de construção no litoral. Quando ficou desempregado, resolveu trabalhar com os pais, mais como uma forma de ajudá-los do que como se fosse um emprego fixo. O negócio foi dando certo e ele resolveu assumir o trabalho com os pais.

Mudou-se para Ponta Grossa onde também começou a trabalhar em uma loja de materiais de construção. O emprego na cidade princesina também não deu certo e Gil percebeu que o que realmente daria certo seria continuar o trabalho dos pais. Há dois anos começou a vender as famosas ‘Queijadinhas do Gil’.

Gil tem seus pontos fixos na cidade e uma clientela cativa. Na parte da manhã, ele está na Avenida Vicente Machado, em frente a uma agência bancária. No período da tarde, ele fica na Rua Coronel Francisco Ribas. Os clientes e funcionários dos bancos bem conhecem os docinhos e sempre os elogiam. O aposentado João de Freitas, 67, comenta o que acha das queijadinhas do Gil. “Eu compro as queijadinhas do Gil já faz um ano mais ou menos e sempre o elogiei. São muito boas, e sempre que venho ao banco, aproveito para comprar para eu e minha esposa”. E não é para menos que os clientes elogiam os docinhos. Gilmar preza pela higiene e qualidade. As queijadinhas são produzidas sempre na noite anterior ou durante a manhã da venda. “Ela [a queijadinha] dura cinco dias, mas eu prefiro fazer de um dia para o outro porque você vende e não tem problema, você fica sossegado com uma criança, uma pessoa idosa. Mas eu não gosto de deixar durante cinco dias. Porquê? Porque a pessoa pergunta se é fresca e eu teria que mentir pra ela. Isso eu não faço”, afirma.

O tratamento com a clientela é sempre feito com muita simpatia; é perceptível que Gil é feliz naquilo que faz. O cliente chega, pede o produto, e Gil responde, sempre: “Você quer das mais clarinhas ou das mais escurinhas?”.

Uma das maiores queixas do vendedor, no que diz respeito ao seu trabalho, foi a falta de liberação de alvarás pela prefeitura. Ele ainda comparou Paranaguá com Ponta Grossa no quesito de liberação de comerciantes ambulantes. “Eu gostaria que tivesse uma autorização da prefeitura pra gente poder trabalhar sossegado e não ter que correr. Em Paranaguá eu pagava 70 reais por ano, e podia vender tranquilamente. Tinha crachá e ficava tranquilo. Isso falta em Ponta Grossa; aqui deveria ter isso”. Gil ainda explica como é a situação de quando os fiscais da prefeitura aparecem para ‘intervir’ no trabalho. “Quando os fiscais vêm tem que sair. Aí eu troco o ponto, vou mais longe e tem que ir sobrevivendo. Eles estão fazendo o serviço deles e eu estou fazendo o meu. Eu sempre brinco com eles. Vocês correm atrás de mim e eu corro de vocês”. O vendedor defende que a prefeitura libere o alvará de trabalho para quem mora na cidade.

Com 20 anos de casado – na soma de dois matrimônios –, Gil consegue sustentar a família apenas com o salário das queijadinhas. Ele vende, em média, 100 doces por dia.

Gil não trabalha nos finais de semana e também não participa das feiras promovidas pela prefeitura, como a ‘Feira do peixe’, por exemplo. Segundo ele, a prefeitura cobra um valor de aproximados 200 reais por dia pela estadia do comerciante na feira. Nas manifestações de rua de março Gil também não trabalhou. Segundo ele, nem sempre onde tem uma multidão se movimentando o vendedor se sairá bem, ainda mais para quem comercializa alimentos.

Para 2016, Gil pretende, quiçá na próxima semana, adquirir um carrinho um pouco maior e de mais fácil manuseio. Ele não pensa, no momento, em abrir um estabelecimento próprio, pois lhe é inviável e ele já tem os clientes cativos em seus respectivos pontos de venda.

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