Por João Guilherme Castro, Jéssica Schmitt, Julio César Prado e William Clarindo
“Eu vou mostrar que o povo paulista também sabe sambar”. Era essa a frase que estava no caderno de canções da 11° edição do Samba do Trilho que aconteceu na última segunda, dia 11 de abril, na Estação Arte. O grupo, que chega a seu primeiro aniversário neste mês, resolveu fazer uma homenagem ao samba paulista. Sambistas como Adoniram Barbosa e Geraldo Filme estavam presentes no repertório do último encontro.
Nesta apresentação, assim como nas demais, novos compositores independentes puderam apresentar um pouco de seu trabalho. Segundo Ben-Hur Demeneck, um dos organizadores do Samba do Trilho, a presença destes novos compositores oportuniza a conhecimento de seus trabalhos. Ben-Hur explica porque eles são chamados de ‘novos compositores’: “novo compositor é aquele que não é conhecido, aquele que compõe apenas pra si e raramente mostra isso ao público”. A cada nova apresentação, uma história se escondia por detrás da letra do samba entoado pelos presentes. Desde a Família do Samba que mostra o outro lado da família tradicional, até um Sapato Furado que conta a história de um pré-conceito.
Ao longo desses 12 meses de existência do grupo, já se apresentaram nas rodas de samba da Estação Arte cerca de 20 compositores independentes diferentes e teve uma média de público de 500 pessoas. O Samba do Trilho é o único movimento – independente – cultural sobre samba que existe em Ponta Grossa para que os ‘novos compositores’ possam divulgar suas composições.
Célia Cunha, 15, comenta a importância que a tradição sambista tem para ela. “Nasci e cresci nesse meio. É importante voltar às nossas raízes e dar valor a isso, pois o samba nada mais é do que a representação do povo brasileiro”. Filha de um dos organizadores do evento, está no projeto desde seu início e comenta que fica “muito feliz em ver como o pessoal se interessa. Mais do que público, os que assistem se tornam amigos”. Sandra Carvalho, 24, foi pela primeira vez num encontro do Samba do Trilho e relatou que conhecer compositores ponta-grossenses faz a população valorizar o que é da cidade.
Entre o público mais cativo da roda de samba e dos que estão conhecendo agora o projeto, está também a pessoa responsável pela qualidade do som das apresentações. Renato Gregório do Nascimento, técnico de som, acompanha o Samba do Trilho desde sua primeira edição. “Não basta apenas fazer, tem que gostar do que se faz. Parabéns à organização que está sempre preocupada em fazer isso acontecer”, complementa.
Emanoel de Jesus, 27, foi pela primeira vez em um encontro do Samba do Trilho e comentou que “a ideia de dar uma utilidade para a Estação Arte é muito boa, porém acho que essas manifestações culturais deveriam ser descentralizadas. Talvez levar até as comunidades de Ponta Grossa para que mais gente possa aproveitar e haver então uma maior diversidade do público”.
Para a espectadora Camila Oliveira, 27, o Samba do Trilho proporciona interação entre os músicos e o público. Assim como Emanoel de Jesus, Camila também compartilha da ideia de que manifestações culturais como a do Samba do Trilho deveriam ser levados para as comunidades que não possuem acesso à essa cultura.
Para o mês de abril, o grupo prepara mais uma apresentação no dia 25, em que serão apresentadas algumas marchas de samba para o concurso de marchinhas populares em Ponta Grossa.
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