Por Vitor Carvalho
No Brasil, janeiro é sinônimo de férias. Parece que tudo para. Crianças sem aulas, tevê sem futebol e contribuinte sem dinheiro. Em algumas partes do país, serve também como sinônimo de preparação: fantasias, carros alegóricos, trios elétricos, marchinhas, ensaios… Enfim, toda a conjuntura a espera do Carnaval. Presente na pele do povo nordestino, do norte, do Rio e São Paulo, de todo o brasileiro. Daqueles que, provavelmente, também gostam de folia para esquecer as dívidas, os problemas pessoais, continuar na energia de um ano próspero, de atingir objetivos, sempre movido por promessas. Se vive em busca de algum ideal. Mas, incrivelmente, não se vive. O velho bordão de ‘ano novo, coisas novas’ traz consigo a responsabilidade de ser quem não é. Talvez a pressão de estar imerso em uma sociedade que incorpora valores como únicos, como ideais, nos leve apenas seguir o bando, para não ser o patinho feio da estória. Talvez seja exclusivamente por querer melhorar, ter uma vida diferente; tudo apenas projeções, ou então ilusões. Estranho pensar que, de certo modo, podemos ser os únicos. Se nos Estados Unidos as aulas só acabam no verão, ou seja, na metade do ano; se o futebol na Europa continua em dezembro, janeiro, inclusive sendo popular nos dias festivos, o mundo não para. Por que pensamos então em recomeçar do zero? E se o ano novo fosse apenas uma passagem de um mês para o outro, como acontecem com os outros meses do ano? Seria mais fácil se janeiro não tivesse esse peso todo. Se fosse um abril qualquer, ou um agosto indiferente.
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