Por Letícia Queiroz
O Coro Cidade de Ponta Grossa abriu a 3º edição da Semana de Língua Francesa e da Francofonia nesta quinta, 28, no grande auditório da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Com o objetivo de celebrar a cultura, língua e literatura francesa, o evento de abertura também teve a participação da professora Dra. Lúcia Cherem. Lúcia conduziu uma palestra sobre seu livro lançado em 2013, “As duas Clarices: Entre a Europa e a América”.
O evento, que teve sua primeira edição em 2004, surgiu por iniciativa do projeto de extensão “Cinemas e Temas” com orientação do professor Leandro Ferreira. Segundo a professora e também coordenadora do evento, Claudia Daher, a partir da segunda edição, que aconteceu em 2015, além de exibir e discutir filmes, o evento se caracterizou como complemento das práticas pedagógicas.
A coordenadora explica que a semana é aberta ao publico, mas tem maior relação com os estudantes da língua francesa. “Há no evento a promoção da prática de linguagem, com possibilidade dos alunos encontrarem pessoas que falam francês, porque nosso meio é restrito”, observa. Claudia atenta também para a importância da celebração da francofonia como expressão maior do que a comemoração da linguagem. “A Francofania vai para além da linguagem, há a questão de partilhar a cultura e hábitos, arte e literatura dos povos francófagos. Quando falamos em francofonia engloba-se não só a França, mas todos os países que falam a língua francesa, no Canadá e na África”.
Para a professora do Departamento de Línguas da UEPG, Andrea Muller, a semana é um momento de reflexão sobre as culturas divergentes que a língua contempla. “É um momento para pensarmos sobre a presença da língua francesa nos cinco continentes e em diferentes países e culturas. Como a língua para nós é indissociável de cultura, quando você estuda a língua francesa, também se tem a consciência de diferentes povos que falam o francês”, avalia.
Pela primeira vez o evento teve uma participação musical na abertura. Com a temporada de 2015 sob o tema “Letra e Música”, o Coro Cidade de Ponta Grossa apresentou um repertorio judaico. Segundo a assessora do grupo, Luana Nascimento, a programação da noite já foi apresentada em três concertos nas igrejas da cidade. “Esta temporada é voltada para literatura e poesia. Então são salmos judaicos, poemas e musicas populares adaptados para o canto coral”.
A palestrante Lúcia Cherem fez uma exposição sobre o livro “As duas Clarices: Entre a Europa e a América”, analisando a recepção e tradução de Clarice Lispector no Quebec e na França. A professora também relatou a trajetória da escritora, bem como algumas de suas obras e contos, como “A paixão segundo GH”.
Lúcia mencionou as dificuldades de tradução dos textos da escritora, do português para o francês, e relatou também a dificuldade de leitores, como os alunos, em ter uma boa assimilação das obras da escritora. “Há uma experiência espiritual em ler Clarice, não é uma literatura onde acontecem coisas, como fatos e mistérios. Muitas vezes não é o relato que é o interessante nas obras dela, mas sim o que se passa na cabeça dos personagens, da luta entre eles, é isso que é interessante”.
Para a estudante do curso de Línguas – Português-Francês, Paloma Dambros, a semana funciona como complemento das práticas didáticas estudadas em sala de aula e também como forma de ter um contato maior com a língua francesa. “É um apoio a mais que às vezes não temos na sala de aula. Serve para entendermos um pouco mais da cultura e língua francesa, como a temática trazida com a palestra sobre a trajetória da Clarice, que não permaneceu só no Brasil”.
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