Tela alternativa promove sessão extra em descomemoração ao massacre

Por Ana Istschuk, Lucas Cabral e Nicolas Rutts

Sexta-feira, 29, foi marcada por manifestações em memória de um ano do massacre dos servidores públicos ocorrido em 29 de abril, no Centro Cívico, em Curitiba. Entre as atividades programadas, o projeto Tela Alternativa promoveu uma sessão extra de exibição de filme, seguida de debate, que fechou o dia. O filme apresentado foi “O povo que falta”, dirigido por André Queiroz, que esteve presente no evento e participou da discussão.

O Tela Alternativa existe há 10 anos e a exibição especial foi feita por uma parceria com o Sindicato dos Docentes da Universidade Estadual de Ponta Grossa (SINDUEPG-Andes), entidade responsável pela organização das atividades. Para Antônio Teixeira, criador do projeto, o debate é a parte mais importante da exibição, pois permite aprofundar o espectador na obra ou nas ideias que ela traz.

A mostra teve sua abertura realizada pela banda Sambacumba, ligada ao Departamento de Artes da UEPG, que tocou canções relacionadas com o dia. O filme foi apresentado pelo diretor antes do início e durou cerca de 80 minutos. Após o término do documentário, o público, que contava com aproximadamente 110 pessoas, participou com opiniões sobre o tema.

A professora Cintia Xavier, que conduziu o debate, destaca a pertinência do filme exibido. “Embora a organização tenha sido feito meio no improviso, o filme veio bem a calhar com tudo aquilo que a gente vem discutindo ao longo do dia sobre a organização dos trabalhadores e a organização sindical”, diz.

“O povo que falta” traz numa mistura de documentário, dramaturgia e poesia, estabelecendo um elo entre processos revolucionários em quatro países (Brasil, Chile, Peru e Argentina) desde as décadas de 1960 a 80 até o tempo presente. A produção mostra relatos, fotos de desaparecidos e cenas da violência estatal que evidenciam que, apesar de histórico, o conteúdo é extremamente atual.

André Queiroz conta que a política de produção cinematográfica brasileira neutraliza, de certa forma, a militância do cinema, mas acrescenta dizendo: “É falsa a ideia de que você apenas é capaz de produzir cinema se você tiver grana”, usando como exemplo a sua produção e grupos que encontrou pela América Latina. Quando questionado sobre a satisfação com o impacto do filme, o cineasta diz que está sendo gratificante, sobretudo pela possibilidade de falar com pessoas sobre os movimentos sociais.

O debate que seguiu a exibição focou no assunto da política brasileira. Entre discursos exaltados e indignados com a situação do país, a professora Gisele Masson, da área de Educação, destacou a contribuição do evento. “É importante ter contato com estes debates para marcar nossa resistência”.

A estudante de Direito, Amanda Mayer, que acompanhou a sessão, diz que a Universidade é um palco para esse tipo de discussão e destaca a relevância da criação de espaços além da sala de aula, abrangendo o público em geral. “Antes de qualquer coisa, você é um cidadão”, diz Aryadyne Szsz, que estuda Medicina, sobre a importância de todos, independentemente da área, participarem desse tipo de evento.

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