Por Gabriel Miguel
O clube tem por objetivo fomentar a discussão sobre livros de temas variados, dando preferência à não ficção e à biografia. Os participantes dos encontros compartilham suas experiências com a obra em questão e exploram e analisam o contexto no qual ela foi escrita. Os encontros são mediados por Ben-Hur Demeneck, professor do curso de Jornalismo da UEPG.
‘‘O Clube de Leitura de Ponta Grossa se dedica a livros de não ficção, pelo fato de serem baseados na realidade, dando possibilidade às pessoas de encarar a leitura de outra forma e aproximá-las do conteúdo apresentado’’, afirma Demeneck. ‘‘Os livros expostos têm em comum o fato de possuírem linguagem jornalística e retratarem memórias, esportes e aventuras reais. As três primeiras obras analisadas são ‘A luta’, que mostra a representatividade dos negros na sociedade estadunidense a partir da disputa entre Muhammad Ali e George Foreman, ‘Cem dias entre céu e mar’ e futuramente, ‘No ar rarefeito’ de Jon Krakauer, que fala sobre alpinismo’’, declara o mediador com relação aos livros escolhidos.
O ‘Cem dias entre céu e mar’, em 15 capítulos, retrata da viagem realizada pelo empresário e navegante paulista Amyr Klink, de 100 dias pelo Atlântico Sul, partindo de Luderitz, na Namíbia, até Salvador, na Bahia. Durante o trajeto, Klynk passa por diversas situações de aventura, como a quase colisão contra um cargueiro, a passagem pela Ilha de Santa Helena, onde Napoleão Bonaparte ficou encarcerado até a morte e o surpreendente encontro com a ‘creche’ de baleias, onde o explorador se viu cercado dos imensos animais e seus filhotes. Os personagens centrais da trama são o próprio Amyr Klink, seu pequeno barco de cinco metros, e a fauna marinha, com quem desenvolve empatia, devido à convivência.
No debate, realizado após uma breve exposição do livro, os participantes refletiram sobre o modo como o ser humano interage com o meio ambiente, a partir da visão de Klink e o respeito que o autor tem pelo oceano e seus habitantes. Em outro momento, a discussão tratou da semelhança entre a ficção e a realidade, das aventuras consideradas improváveis que Klink passou no percurso. A farmacêutica Maria Cristina Piotrovski, que já tinha participado do primeiro encontro, considera que o livro em questão é de grande importância para o crescimento cultural do leitor graças ao seu enredo, o modo como foi escrito e sua relevância socioambiental.
Ao ser questionado sobre a relevância cultural de ‘Cem dias entre céu e mar’, Demeneck afirma que, além de promover a personalidade e as aventuras de Amyr Klink, a obra tem o papel de auxiliar o leitor a entender sobre a questão ambiental no Brasil, principalmente nos oceanos.
As reuniões do Clube de leitura da Companhia das Letras de Ponta Grossa acontecem mensalmente na livraria Verbo.
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