Concerto cênico discute papel da mulher na sociedade

Por Julio César Prado e William Clarindo

O Cine-Teatro Ópera foi palco, nesta semana, do concerto cênico “Mulheres”, que reúne mais uma vez o Coro Cidade de Ponta Grossa com o Studio de Dança Fabíola Capri. A estreia do espetáculo, que aborda o papel e as representações das mulheres na atualidade, aconteceu na quarta-feira (25), às 20h.

A equipe de artistas envolvidos compreende uma parceria entre o Coro Cidade de Ponta Grossa, que possui 24 cantores, com a direção musical da maestrina Carla Roggenkamp, arranjos de Amani Sviercoski e participação do produtor e diretor geral Eziquiel Ramos, e seis bailarinas do Studio de Dança Fabíola Capri, tendo a própria Fabíola Capri como coreógrafa.

A estrutura do concerto foi dividida em quatro capítulos, cada um baseado na integração entre músicas (todas nacionais), dança, encenação, cenário e frases da intelectual francesa Simone de Beauvoir, importante referência feminista. Segundo Ezequiel Ramos, diretor geral do espetáculo, a proposta foi contextualizar cada capítulo, demonstrando aos espectadores como a mulher é vista e tratada numa sociedade que ainda possui valores opressores, não só em relação a gênero, mas também a diversos grupos que são considerados minorias.

No primeiro capítulo, denominado “A humanidade”, é apresentada ao público a ideia de um “mundo masculino”, onde a mulher não tem autonomia, reforçando a imagem de uma cultura machista. O segundo capítulo, “O estômago”, mostra a falta de espaço das mulheres na sociedade, porém aponta a sua luta pela liberdade e busca de igualdade de gênero. Conforme Mariene Silva, contralto do coro, é neste capítulo que a opressão masculina atinge seu ápice e em “Cálice”, interpretada originalmente por Chico Buarque e Milton Nascimento, as mulheres se impõem, ganhando destaque.

Já na terceira parte, “A rosa”, de forma mais intensa, são evidenciados os resquícios da desvalorização sentida por toda mulher, ao mesmo tempo em que se revela seu valor e sua beleza. O último momento, definido como “O começo”, reforça a importância e a força da mulher. Assim, a imagem inferiorizada da figura feminina assume outro sentido, sugerindo mudanças de atitude e orgulho de ser mulher.

Inicialmente, o coro e as dançarinas ensaiaram separadamente, focando em suas partes individuais. Posteriormente, os ensaios visaram adaptar e ajustar ambos os trabalhos para o palco. Carla Roggenkamp, diretora artística do coro e maestrina do espetáculo, que atuou como pianista nas apresentações, recorda que o tempo de preparação para o espetáculo foi curto, somente  seis semanas.

A espectadora Simone Carneiro, militante feminista, ressalta a existência de uma discriminação com a mulher, conforme retratado no espetáculo. “Tem uma luta muito grande pela igualdade, mas a discriminação existe, e ainda é muito velada”, observa. Para ela, a mídia, as famílias e a sociedade escondem a realidade de preconceito vivido pela mulher.

Depois do término da apresentação, os integrantes do concerto cênico deram mais uma “palhinha” da música que fechou a noite, devido à empolgação da plateia. “Pagu”, de Rita Lee, lançada no ano 2000, fala sobre a imagem da mulher e rendeu uma longa salva de palmas do público presente no espetáculo.

A última apresentação do “Mulheres” acontece neste domingo (29), às 18h30, no Cine-Teatro Ópera. O ingresso é a doação de qualquer livro, que será destinado ao projeto “Pegaí”.

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