por Keren Bonfim
O 2º encontro do Diálogo de Ponta, uma parceria da Prefeitura de Ponta Grossa com a Secretaria de Cultura, trouxe para o debate o cartunista da Gazeta do Povo, Tiago Recchia. O evento ocorreu quinta-feira, 19, no Centro de Cultura da cidade, onde o convidado esclareceu assuntos relacionados ao humor gráfico dentro da área jornalística, expondo as diferenças entre charge, cartum e quadrinhos.
Para dar início ao debate, Recchia contou um pouco de sua vida e de como começou a desenhar, aos 13 anos, quando, ao quebrar uma das pernas, aproveitava o tempo livre para esboçar desenhos. Mais tarde, mudou-se para Curitiba e foi a partir desse momento que Recchia teve contato com o mundo do humor gráfico. Segundo o cartunista, essa era a saída para se sentir vivo.
Após uma breve apresentação de como se tornou cartunista, Recchia passou a explicar quais são as características que compõem uma charge. “Ela deve ser factual e o seu conteúdo precisa estar relacionado ao cotidiano ou à política. A charge também pode ser aplicada em vários campos e não precisa estar necessariamente dentro de um editorial”. De acordo com Recchia, o cartum sugere um tema mais livre e não há necessidade de um fato atual para ser interpretado, pois o seu caráter é atemporal. De uma forma bem humorada, o palestrante resumiu a diferença entre cartum e charge: “O cartum é um primo pobre e chato da charge”.
A ilustração também foi discutida no diálogo. “Já a ilustração é como se fosse um adorno. É silenciosa, pois cria uma beleza plástica, e nela não há texto verbal”, afirma o cartunista. É nesse equilíbrio entre explicação teórica e descontração que Recchia desenvolve o seu diálogo. Ele aproveitou para destacar que o processo de criação de um chargista ou cartunista exige muita leitura e paciência e que é o próprio dia a dia que cria os seus trabalhos. Recchia salienta que a maior dificuldade para um cartunista são as pressões diárias para entrega de material, o que no jargão jornalístico se chama “deadline”.
Segundo o palestrante, outro problema para os humoristas de hoje é o policiamento do “politicamente correto”, pois isso faz com que muitos dos seus trabalhos sejam mal interpretados. O chargista também contou que sofreu alguns processos ao abordar determinadas personalidades em suas charges. No entanto, não é isso que impede o cartunista de realizar suas obras nas quais tematiza, não apenas conteúdos políticos, mas também futebol e cotidiano. “De qualquer forma, eu me divirto e eles me pagam”, conclui Recchia.
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