“O Brasil nos acolheu muito bem”.Assim como Wassilene Jankoszczuk, muitos ucranianos vieram ao país a partir de 1891 em busca de melhores condições de vida. Os Campos Gerais, no Paraná, é uma região que recebeu muitas famílias ucranianas: “No início foi difícil, foi difícil para todos, não só em Ponta Grossa.”, conta o coordenador do Grupo Foclório Zoriá, Marcelo Ricardo Retechin.
Inicialmente, os imigrantes ucranianos que vieram aos Campos Gerais trabalharam na atividade agrícola, principalmente com o trigo. Embora distante do país de origem, os imigrantes cultivaram as tradições. A influência pode ser percebida atualmente na religião, no artesanato (com as pessânkas e os bordados), no idioma que ainda é praticado por comunidades da região, na gastronomia (como o pirogue), entre outros aspectos culturais.
E é com o objetivo de divulgar e preservar a história das etnias que formam os Campos Gerais, que foi lançado na última sexta-feira (12), a exposição fotográfica “120 anos da Imigração Ucraniana”.
Chá com História
O acervo fotográfico coletado é resultado do projeto “Chá com História” – uma parceria da Casa da Memória com o setor de Folclore da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo.
O projeto, que está em sua quinta edição, é feito através da coleta de fontes históricas. A cada edição é selecionado uma etnia ou tema para compor a pesquisa. Após a pesquisa são convidadas as pessoas envolvidas com a temática, como os descendentes e os imigrantes, para um coquetel, onde as pessoas podem levar fotos e documentos marcantes de sua cultura. “É nesse momento que digitalizamos as fotografias que formará o acervo da Casa da Memória. Nessa edição coletamos mais de 200 fotos, e selecionamos algumas para fazer parte da exposição”, afirma o diretor da Casa da Memória Alan Fernando de Almeida.
Exposição “120 anos da Imigração Ucraniana”
As fotografias da etnia ucraniana são do arquivo de instituições de Ponta Grossa, de ucranianos e descendentes que participaram do Chá com História no dia 15 de agosto de 2010. Entre os participantes estão o Hospital Bom Jesus, Associação Santa Olga, Grupo Folclórico Ucraniano Zoriá, igrejas, além das famílias de imigrantes.
Algumas fotos da exposição são da senhora Wassilene Jankoszczuk. Quem observar as imagens irá conhecer um pouco de como foi a vinda dela ao Brasil. Wassilene veio em 30 de setembro de 1948 ao Rio de Janeiro, onde ficaram inicialmente em um quartel e com ajuda financeira do governo federal. Após dois anos no Rio de Janeiro, a família dela pediu para vir a Ponta Grossa, pois muitas famílias ucranianas já estavam na região e aqui poderia manter as tradições. Após 51 anos na cidade, ela diz que não tem do que se queixar e se emocionou ao rever os seus retratos e de sua comunidade.
Outro retrato que poderá ser visto na mostra é o de Helena Kolody. A poetisa paranaense é filha de imigrantes ucranianos. Curiosamente, Helena Kolody lecionou em Ponta Grossa no Instituto de Educação, onde hoje é o prédio do Centro de Cultura e recebe seu retrato na exposição.
A Exposição “120 anos da Imigração Ucraniana” permanece na Galeria João Pilarski, no piso superior do Centro de Cultura Ponta Grossa, até o dia 10 de setembro. E o próximo “Chá com História” já tem data: será no dia 17 de setembro e terá como tema a dança na região.
Por Weslley Dalcol
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