“Estado de Sítio”, obra de 1948 aborda questões políticas atuais

Por Lorena Panassolo

Um dos espetáculos que recebeu prêmios no 47º Festival Nacional de Teatro (Fenata) foi “Estado de Sítio”, encenado na noite de sexta-feira, 25, e aplaudido em pé. Com enredo do pós-guerra, de 1948, a peça é baseada em um livro originalmente publicado por Albert Camus e fala principalmente do medo como o mal do século, com o viés da Guerra Espanhola (1936-1939). Além de abordar questões políticas comuns na atual conjuntura, também fala do existencialismo. 

Uma obra tocante, que mostra um governo mediano, que piora com a passagem de um cometa em um pequeno município, instaurando “A Peste” como o novo comandante do local. A Peste é interpretada por Mauro Morais, ganhador do prêmio de melhor ator, e a Secretária é representada no papel de Lala Morais, ganhadora de melhor atriz coadjuvante. Juntos, instauram medo na população com um regime burocrático e autoritário.

Apesar de ser um texto de meados do século passado, ele remete a questões da atualidade. Para o ator Rodrigo Di Paula, eles entraram no realismo fantástico do universo criado pela obra. “Acho que o mais importante para os atores, incluindo meu personagem, é fazer as pessoas refletirem e trazerem essa realidade para o hoje. Saber o quanto a gente está passando por essa situação e como a gente pode ser forte como povo, assim como na peça”, analisa.

 Muito mais do que qualquer outra discussão envolvida na peça, a obra adaptada para o romantismo fala de questões femininas, de um homem que quer salvar as pessoas da praga e da namorada, uma mulher que sofre ao deixá-lo partir, além das histórias familiares desta menina, que vê a mãe submissa ao pai, um juiz corrupto.

Mesmo com questões importantes, por quase duas horas os atores arrancaram risos da plateia, como é o caso do bêbado interpretado por Di Paula, ou até mesmo ao debochar da família tradicional brasileira. De fato, a peça cria um universo em que o público consegue trazer uma obra antiga como muito atual.

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