A banda Tiriva Instrumental realiza, nesta sexta-feira (08), o lançamento do álbum “OVO”. Composto por oito músicas, este é o primeiro trabalho autoral do grupo. As composições do disco possuem uma característica transterritorial e representam diferentes culturas musicais presentes na América Latina.
O álbum não possui um gênero musical definido. Com a ideia de que a identidade das pessoas é feita com características de diversos lugares e culturas, as músicas misturam vários estilos sonoros, como a chacareira, chamamé, fandango, samba, forró, rumba, guaguancó, salsa, guitarrada e champeta.
O professor de Geografia da UEPG e integrante da banda, Fernando Bertani, ressalta a importância da combinação de diferentes estilos. “Nós temos influências de vários lugares. Não podemos ter medo dessa mistura. Características geograficamente distantes podem ser aproximadas através da música”, observa.
O álbum foi intitulado “OVO”. O nome peculiar não possui um único significado e permite várias interpretações. Uma delas tem relação com a composição “O ovo”, de Hermeto Pascoal, primeira música tocada pela Tiriva Instrumental. O nome também pode estar relacionado ao complexo conto “O ovo e a galinha”, de Clarice Lispector. Além disso, o termo é um dos palíndromos da Língua Portuguesa (palavra que pode ser lida de trás para frente sem perda de sentido). Assim como “OVO” pode ser sinônimo de criação, também é sinônimo de mistério.
Fernando Bertani comenta que a ideia de fazer o disco apenas para registrar o trabalho do grupo se transformou em euforia e encantamento para os músicos. “Todos nós tivemos várias experiências com a música, mas essa é a primeira vez que gravamos um álbum inteiro. Isso é uma realização marcante para todo mundo”, compartilha.
Ao todo, o “OVO” tem oito músicas: seis de autoria da banda e outras duas são rearranjos de composições de músicos curitibanos. A gravação das músicas aconteceu em dezembro de 2019 e durou dois dias inteiros. Todo custo foi pago de forma independente, com o uso do cachê de apresentações e também com dinheiro conquistado por meio de participação em editais.
Lançamento em meio a uma pandemia
Inicialmente, a banda pretendia realizar um show de divulgação e lançar o álbum físico, mas devido à pandemia do novo coronavírus, todo planejamento foi alterado. Com a série de recomendações das autoridades sanitárias para evitar a disseminação da Covid-19, os músicos ficaram impossibilitados de lançar o álbum presencial, fazer fotos da banda reunida e gravar clipes das composições.
Com isso, os integrantes da Tiriva Instrumental decidiram lançar o álbum nas plataformas digitais de música. Fernando Bertani vê essa decisão como uma oportunidade de fortalecer os valores humanos durante o isolamento social. “Espero que compartilhar o nosso trabalho possa ajudar as pessoas a relaxarem um pouco nessa situação que todos enfrentam”, deseja o músico.
As músicas do álbum estarão disponíveis nas seguintes plataformas de streaming: Amazon Music, Apple Music, Deezer, Google Music, Napster, Shazam, Spotify e YouTube Music.
A banda
Existente desde 2018, a Tiriva Instrumental surgiu como resultado da união de amigos que já participavam de outras bandas. Atualmente, o grupo é composto por Aline Garabeli (teclado), Felipe Ferreira (bateria), Felipe Oliveira (baixo), Fernando Bertani (viola caipira, guitarra e violão 7 cordas) e Nicolas Salazar (sax e flauta).
O nome da banda é inspirado nas tirivas, aves da família Psittacidae, composta por mais de 20 espécies. Geralmente encontrado em áreas florestais, o pássaro é exclusivo da América do Sul. A tiriva possui uma característica singular: em geral, só canta quando está reunida com outras aves. Quando está sozinha, é silenciosa.
A proposta do quinteto é oportunizar a diferentes públicos o consumo da música instrumental, principalmente grupos que não tenham acesso à cultura. O grupo já se apresentou em escolas, instituições de tratamento e socioeducativas e espaços públicos de Ponta Grossa. O músico Fernando Bertani atribui um papel social às apresentações. “A música é um caminho para fortalecer a cidadania. É nesse sentido social que temos a motivação de apresentar nosso trabalho a esses locais e pessoas”, destaca.
Fernando lembra que as referências presentes em algumas músicas da banda têm como base a diáspora africana e a cultura dos povos originários da América Latina e que é necessário ressaltar essas origens. “Não podemos somente utilizar essa riqueza. Precisamos sempre reforçar de onde ela veio e democratizá-la”.
O último trabalho realizado pela banda foi o show “O voo da Tiriva – Regiões Sonoras do Brasil”. No espetáculo, foram apresentadas músicas presentes em várias localidades do país. A apresentação também arrecadou fundos para a gravação do álbum “OVO”. O grupo também participou de editais da Fundação Municipal de Cultura de Ponta Grossa, como o “Sexta às Seis”.
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