Saudade a dois

Nem nada nem tudo.
Nem sei,
escrevi
Corri, saber,
tentar, sanar.

Sei lá.
Onde está?
Alguém sabe?
Resgatar.
Vibe lisa, brisa.

Amor… Calor.
Por que a distância?
Distância não mais que lembrança,
distância não mais que ali.
Distância causa ânsia,
ânsia causa pavor.
Pavor não é mais que medo,
segredo.

Mas a vida,
não mais que pequena,
não mais que plena,
não mais que diminuta;
a vida se faz.

Saudade se alia,
se adia,
se faz.
Tua ausência é plena.
Isso tudo caberia num poema.

Poema é vida, poema se lida.
A vida é rara,
mas não basta.
Poema não dita, poema se faz.
Saudade é cara, é rara.
Saudade se faz.
Poema se encontra,
se desmonta.
E a vida se faz;
feito está!

Saudade aberta,
saudade concreta.
Saudade que não cessa,
sempre presente,
nunca ausente.
Saudade é remessa, saudade presente.

Se tu és partida,
em mim se faz vida
e a saudade se esvai.
Saudade não cansa,
saudade descansa.
Na vida que vai,
saudade permanente,
amor presente.

Em ti me recordo,
em ti me abordo.
E se a saudade se vai,
não deves ficar.
Pois se a ida se anuncia,
teu amor mais que és vida,
tua noite, partida, tua presença és paz.

Saudade anuncia
desejo constante
de estar presente
ou mesmo distante-presente.

E o poema se acaba,
não porque a saudade seja instante,
ou a distância um problema.
A poesia se acaba porque
é o amor um instante,
instante crescente.

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