Com futuro incerto, acervo do Museu Época passa por possíveis negociações

Por Ana Luiza Bertelli Dimbarre e Leriany Barbosa

O Museu Época, espaço que guarda parte da história da cidade de Ponta Grossa, está com as portas fechadas desde 2016, quando seu idealizador, Aristides Sposito, adoeceu e não conseguiu mantê-lo em funcionamento. Com isso, a região dos Campos Gerais perdeu uma importante referência, visto que a instituição oferecia, gratuitamente, acesso ao conhecimento histórico na cidade.

Seu Aristides, que cuidava sozinho do Museu, infelizmente não conseguiu ver o espaço funcionando novamente, pois faleceu em 2019. Porém, o seu legado gera debates até os dias de hoje. Por ter um acervo raro de antiguidades, o Museu Época, administrado pela família Sposito, passa por eventuais negociações de comodato com a Fundação Municipal de Cultura.

Fernando Durante, presidente da Fundação Municipal de Cultura, relata que está em negociação com a família do senhor Aristides Sposito sobre o acervo, mas que por existirem algumas “arestas”, por conta de questões familiares, o processo ficou dificultoso. Ele ainda explica que a Fundação deseja transferir o acervo do Museu Época à Mansão Vila Hilda, local onde já foi a Biblioteca Pública da cidade e que hoje funciona como Patrimônio Cultural. Ao ser questionado sobre como seria o repasse de verbas ao museu, Fernando cita que não é algo a se pensar no momento, visto que é preciso verificar o aspecto legal, por envolver dinheiro público.

Aristides Sposito Junior, um dos filhos de seu Aristides, conta que o acervo sempre foi a grande preocupação dos quatro filhos do casal, em decorrência da dedicação da família pela preservação deste projeto desde o adoecimento do pai. Após o seu falecimento, o museu ficou estagnado por questões de trâmites burocráticos da família. Mariângela da Silva Sposito, a filha mais velha, ficou como inventariante e procurou pela Fundação Municipal de Cultura para auxílio e orientação de um destino adequado para o acervo.

Com relação a uma possível negociação de comodato do acervo, houve contatos entre a família Sposito e o presidente da Fundação Cultural de Ponta Grossa, Fernando Durante. Como a família visa preservar a história desse museu, assim como a de seu idealizador, o destino do acervo ainda é incerto, pois até então apenas pretensões futuras foram dialogadas.

Renoaldo Kaczmarech, cuidador da reserva técnica de objetos tridimensionais do Museu Campos Gerais, atuou como colaborador voluntário no Museu Época durante um período de 3 a 4 anos. “Visitei, acabei gostando e me ofereci para ajudar. Fiz de tudo ali dentro, desde limpeza de chão até trabalhar com os materiais”. Renoaldo estuda Museologia e aponta que o Época parecia mais uma loja de antiguidades do que um museu, devido à quantidade de material. Ele fala também sobre o legado cultural que o seu Aristides deixou para a cidade, ao comprar um casarão com seus próprios meios e ir colecionando peças ao longo do tempo.

O museu para a cidade

Por se assemelhar a uma cápsula do tempo, o Museu Época conta com materiais de grande valor histórico. A própria moradia remete a uma época que não existe mais. De acordo com informações de Renoaldo Kaczmarech, materiais como a cruz da Catedral antiga fundida em ferro na Suíça e o bebedouro de cavalos da Praça Ponto Azul fazem parte deste acervo. “Têm coisas preciosíssimas ali, que se o material fosse bem tratado e exposto, daria um museu sensacional”, diz.

Mesmo que o Época não esteja dentro dos moldes de um museu moderno, seu acervo o torna parte da cultura de Ponta Grossa. Para servir como espaço de acesso à história, o acervo necessitaria de cuidados adequados para ser disponibilizado ao público. Confira o documentário “Filme de Época”, produzido por William Biagioli sobre o Museu Época, que participou de edital promovido pela Fundação Municipal de Cultura em 2011.

 

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