Uma escultura de jabuti, feita pelo artista plástico Mérison Pinheiro, foi retirada do Parque de Olarias pela Prefeitura de Ponta Grossa no início do mês de fevereiro. Por não conter uma licença para instalação em áreas públicas, a obra teve de ser removida do local. A escultura, que carrega um significado importante a Mérison, busca representar todos os artistas da região dos Campos Gerais.
Autodidata, Mérison Pinheiro iniciou sua vida artística com apenas 8 anos. Por influência de seu professor, Sidney Mariano, o artista desenvolveu técnicas aos 12 anos, ao pintar algumas telas em parceria com Sidney. Desde 2006, o artista ponta-grossense também se dedica à aerografia, que são desenhos estampados em paredes e vitrines de lojas.
Simpático, Mérison explica como foi o processo de criação do jabuti e o porquê de escolher expô-lo no Parque de Olarias. Com a ajuda de sua filha, Anny Louise Pinheiro, de 8 anos, o artista diz que escolheu o período da noite para ir até o famoso lago de Ponta Grossa e exibir a sua escultura. A estratégia seguida foi para que a população se surpreendesse, no dia seguinte, com a obra deixada no local. Foi o que ocorreu, de fato.
O artista de 40 anos revela ter tido consciência que a exposição do jabuti, em um lugar público, traria consequências. Por isso iria retirá-la do local, o quanto antes. Porém, a administração municipal foi mais ágil. Mérison afirma que ficou três dias sem saber, ao menos, o paradeiro da obra de arte. “A prefeita Elizabeth Schmidt sugeriu que eu a colocasse no parque Margherita Masini, mas acabei recusando por achar que a obra não combinaria com o local”, destaca o artista.
Mérison notou diversos estragos em sua escultura, depois de ter sido retirada do Lago de Olarias. “Eu fui reprimido, pois retiraram a minha arte sem me comunicar. Minha filha e eu ficamos sentidos com toda a situação”, observa o artista sobre o desenrolar do caso.
Mais que uma obra de arte
O idealizador da obra exposta no Lago de Olarias revela a história por trás da escultura de jabuti. Ela foi uma homenagem ao seu compadre, Alessandro Maurício, mais conhecido por Shapo. Mérison explica que Shapo sempre o incentivou a se dedicar à arte. Mas, infelizmente, seu compadre veio a falecer em 2020. O artista plástico então resolveu criar o “Shapoti”, como uma forma de concretizar as eternas lembranças de seu amigo e parceiro. “Ele iria rir muito dessa história.”, destaca Mérison, ao falar sobre Shapo.
Em nota, a Prefeitura Municipal de Ponta Grossa reforça que a instalação de esculturas, peças ornamentais, ações de paisagismo ou qualquer outro tipo de intervenção urbana não podem ser realizadas em área pública sem o conhecimento e autorização do poder público. Questionado sobre o ocorrido, o secretário do Meio Ambiente, André Pitela, revela satisfação ao saber sobre o interesse da população em colaborar com a cultura da cidade, seja com esculturas ou plantios de árvores. “Porém, é preciso que o poder público esteja a par e autorize essas intervenções. Sem a orientação necessária, essas ações podem acarretar algum tipo de prejuízo futuramente”.
Não é comum a Prefeitura receber solicitações para a instalação de esculturas ou obras de artes em praças e parques de Ponta Grossa. Mérison afirma que não foi instruído sobre como agir em tais situações. Daqui em diante, o artista diz que não irá mais utilizar os recursos do município, por achar mais vantajoso receber investimentos de seus próprios clientes. O artista plástico, que oferta trabalhos por toda a cidade, destaca ter recebido a proposta de expor suas esculturas no Parque Estadual de Vila Velha. Muito ativo em suas redes sociais, Mérison realiza uma campanha pela volta de sua escultura ao Parque de Olarias através da #JabutiNoLago.
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