Emanuel Sansana, morador de Ponta Grossa, hoje com 35 anos, pinta quadros desde 2019. Desde pequeno tinha facilidade com o desenho, mas apenas há pouco iniciou as pinturas com tinta acrílica. Emanuel declara-se como autodidata. Suas aulas e estudos acontecem por meio do youtube com artistas de referência e técnicas gravadas por observação. Emanuel repete os vídeos até que tenha captado todo o conteúdo e é assim que ele pinta os quadros e termina todas as obras com o pincel 0.
Já são mais de 50 obras concluídas desde o início do seu aprendizado, em sua maioria nas medidas de 60x80cm. Ele demora por volta de uma a duas semanas para concluir um quadro. A escolha da tinta foi mais prática do que afetiva: o ateliê de Emanuel fica muito próximo ao quarto e a tinta acrílica não tem cheiro.
Sempre rindo entre comentários, Emanuel conta como produz os quadros, se inscreve em prêmios pela internet e tem as suas inspirações. Quando o estado de pandemia acabar, o artista plástico quer fazer uma exposição na cidade.
Tudo começou em 2019, quando Emanuel começou a pintar em uma época que estava meio deprimido. “A pintura surgiu como uma maneira de dar um novo ar, dar uma espairecida”, relata. Além de pintor, Emanuel é também músico e pastor. Atualmente ele está conciliando as três atuações.
Ele conta que às vezes é difícil pintar. “Eu tenho que insistir porque tem dias que parece que eu olho para a tela e dá impressão de que não vai ficar legal, dá até um desânimo”, ri. Embora o artista plástico tenha dias de desânimo com a pintura, ele já ganhou alguns prêmios. O mais recente deles foi “A Lenda da Araucária”, premiada pelo concurso Lendas do Paraná.
Dois deles foram em 2020 pela galeria The People’s Choice Prize em Nova Iorque. O evento aconteceu pela internet e Emanuel ganhou com as obras “Os Tropeiros Estão Chegando” e “Folhas de Outono”. Pergunto porque ele acha que foi escolhido como vencedor em duas competições internacionais com temas regionais. Emanuel diz que ficou surpreso com a escolha já que, apesar de gostar do seu estilo, às vezes os curadores não apreciam. “E eu sou muito estético, gosto da estética, então tem muita coisa na arte moderna e na arte contemporânea que não me atrai de maneira nenhuma”, conta.
Suas obras consistem em paisagens da cidade de Ponta Grossa, da região e temas tropeiros. A escolha, segundo o artista, parte do inconsciente coletivo. “Deve ser coisa do inconsciente coletivo que falam, o tal de Carl Jung. Quando eu vejo um tropeiro, uma araucária, me dá uma saudade daquilo que eu não sei nem o que é”, relata Emanuel, rindo novamente.
Inconsciente coletivo é um conceito criado pelo psiquiatra Carl Jung e trata sobre imagens que supostamente conhecemos e que fazem parte de toda a experiência da humanidade. Ao olhar alguns quadros, por exemplo, as obras despertam sensações boas, embora nunca tenhamos visto aquela obra antes ou o lugar que está sendo retratado.
Os temas recorrentes de Emanuel são paisagens bucólicas da região, araucárias e tropeiros. Mas ele já produziu outros quadros, com trens, girassóis e praias. É possível ver todos esses quadros no Instagram do Emanuel. O último post, datado do dia 23 de fevereiro, é um pedido de votos para uma nova competição de uma galeria em Tóquio. “Em poucos segundos você me ajuda a levar o nome do Brasil para ser reconhecido em Tóquio no Japão!”. É o que diz a postagem.
A obra que está concorrendo é o Buraco do Padre, a última que Emanuel produziu. Ela mede 90×1,40 cm e foi feita em massa acrílica e tinta acrílica. Há alguns detalhes no relevo em massa e segundo o artista eles demoraram a secar um pouco mais do que o habitual. Nesta obra, Emanuel gastou de duas a três semanas para a produção.
Emanuel conta que na verdade ele sequer chegou a ir ao Buraco do Padre. A região fica localizada dentro do Parque Nacional dos Campos Gerais, no distrito da cidade de Ponta Grossa, em Itaiacoca. É uma propriedade particular que abre para visitações e apresenta um centro de turismo. Emanuel diz que é para lá que em breve a tela vai para entrar em exposição.
O próximo quadro de Emanuel vai produzir é a Fenda da Freira, que fica localizada na mesma propriedade que o Buraco do Padre. Ele tem a intenção de começar uma coleção nova, com elementos da natureza como água e pedra, como por exemplo as Furnas e a Lagoa Dourada do Parque Nacional dos Campos Gerais, mais conhecido como Vila Velha.
Durante estes dois anos, Emanuel Sansana conta que aprendeu a amar a cidade e o estado por meio da história que transmite nos seus quadros. “Parece que soa bairrismo, meio cafona até, mas há um amor”, explica o artista.
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