O Clube de Leitura do Viajante se reuniu, no último sábado (3), para o encontro virtual mensal, realizado pela plataforma Google Meet. As participantes discutiram a distopia ‘O Conto da Aia’.
A obra de Margaret Atwood conta a história da República de Gilead, regime teocrático que tomou o lugar dos Estados Unidos e pratica uma reforma social que faz com que as pessoas se dividam em castas. A narradora do livro, Offred, é uma das aias, consideradas as poucas mulheres que ainda são férteis, servindo de ventre para famílias ricas que não conseguem ter filhos. O livro toca na experiência da personagem, além dos temas geopolíticos que compõem Gilead.
As participantes do Clube de Leitura discutiram, entre outros temas, a importância da autora do livro ser uma mulher, que consegue se aprofundar, de maneira surpreendente, sobre o psicológico de mulheres que têm suas vidas roubadas por sistemas misóginos e autoritários. Camila Celinski, uma das criadoras do grupo, relaciona a leitura da obra com leituras anteriores: “A escritora, sendo mulher, consegue explorar o psicológico das personagens e seus sentimentos; Jane Austen, escritora que já lemos anteriormente, também possuía a sensibilidade de escrever sobre a voz que está dentro da cabeça feminina”.
Outro tema discutido amplamente na reunião foi o fato da história ser contada em primeira pessoa, pela voz de uma narradora que traz à tona dúvidas sobre a veracidade do que é dito, já que a personagem passava por um momento difícil e delicado quando contou a história. Giovana Celinski, assim como outras integrantes, relacionam a utilização da narradora em primeira pessoa com a importância dos relatos pessoais e a vivência atual, durante a pandemia: “Cada pessoa em sua posição na hierarquia possui uma gama de informações, o que pode ser usado como analogia para o fluxo de informações dos dias que estamos vivendo”.
O Clube de Leitura do Viajante, liderado pelas irmãs Camila e Giovana Celinski, traz como objetivo a discussão de leituras que são realizadas em ciclos. O clube foi criado em 2019 com leituras da escritora Jane Austen, previamente com encontros presenciais, na intenção de reunir pessoas que tenham o interesse pela literatura e queiram participar das reuniões. É o caso da participante Luciana Romiti, que vê o clube como um incentivo à leitura: “uma sorte de tê-lo encontrado, encontrei coragem para ler o livro que estava na prateleira há tempos”.
Dentro do ciclo atual, com a literatura de ficção científica, o Clube de Leitura do Viajante se reunirá no sábado do dia 24 de abril para discutir “Laranja Mecânica”, obra renomada de Anthony Burgess que discute questões sociais dentro de um universo distópico, assim como “O Conto da Aia”. Para Giovana, “o clube é a possibilidade de compartilhar diferentes percepções da leitura”. A participação do próximo encontro do clube está agendada no Facebook da Escola de Escrita e Processos Criativos “Coração de Palavra”.
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