7º Colóquio Mulher e Sociedade inicia com painel e lançamento de livro

Na segunda-feira, 28, teve início a sétima edição do Colóquio Mulher e Sociedade. Desta vez, por causa da pandemia da Covid-19, o evento foi feito de maneira remota, transmitido pelas redes sociais e YouTube. O tema do 7º Colóquio Mulher e Sociedade é “Desigualdades de gênero e interseccionalidade: os direitos humanos em tempos de crise”.

O evento é organizado pelo Grupo de Pesquisa Jornalismo e Gênero do Mestrado em Jornalismo e o projeto de extensão ELOS – Jornalismo, Direitos Humanos e Formação Cidadã da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), em parceria com o Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade de Brasília (UNB) e apoio da Parada LGBTQIA+ dos Campos Gerais.

No período da manhã do primeiro dia, o evento organizou o lançamento do livro “Vivências de mulheres no espaço e tempo da pandemia de Covid-19: perspectivas transnacionais” e um painel com o tema “Direitos humanos em tempos de pandemia: vida e luta das mulheres indígenas e quilombolas”, apresentado por María Cruz Tornay (Universidad de Huelva, Espanha) e Sandriane Lourenço (Organização da Juventude Indígena Pankará).

A professora e coordenadora do evento Karina Janz Woitowicz deu início às atividades e mediou as discussões do primeiro dia. A coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UNB, Fernanda Martinelli, que participou da abertura, reafirma a importância do evento com um tema tão urgente, testemunha de resistência e luta para mudança neste cenário. Ademais, ela adiciona o papel central das universidades para a construção de conhecimento e reflexão acerca do assunto. “A universidade diante do seu compromisso histórico de propor questionamentos e ser um espaço de articulação social”, afirma a coordenadora. Cíntia Xavier, coordenadora do Programa de Pós-Graduação Mestrado em Jornalismo da UEPG, reafirma a importância do evento que traz uma programação importante para a discussão do tema.

Para o lançamento do livro “Vivências de mulheres no espaço e tempo da pandemia de Covid-19: perspectivas transnacionais”, uma das organizadoras da obra, Georgiane Garabely Vázquez, iniciou sua fala relatando a alegria por fazer o lançamento da coletânea. A coordenadora indica a marca central da obra literária: reunir experiências de mulheres de diferentes países. O livro começou a tomar forma nos primeiros meses de isolamento social. “Aquele início era muito mais escorregadio, nebuloso, um tempo sufocante e mais rígido de isolamento social”, avalia. Georgiane comenta que se sentiu útil quando começou a organizar a obra: “Produzir, tentar escrever, tentar reunir mulheres, era uma forma de viver”.

O livro possui textos de 18 autoras do Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai, Chile, Venezuela, Cuba, Equador, Colômbia, México, Espanha, Portugal e França. Eles foram escritos no primeiro semestre de 2020 e há textos em espanhol e português. A coordenadora da obra reflete sobre a proposta democrática do livro, com a intenção de que a obra pudesse ser acessível ao máximo de pessoas. “Isso era essencial para nós, o livro não poderia ser comercializado por uma perspectiva solidária”, explica. O livro “Vivências de mulheres no espaço e tempo da pandemia de Covid-19: perspectivas transnacionais” está disponível no site da editora.

Após o lançamento do livro, teve início o painel “Direitos humanos em tempos de pandemia: vida e luta das mulheres indígenas e quilombolas”. A professora María Cruz Tornay-Márquez, da Universidad de Huelga, na Espanha, expôs a investigação com a qual participou do livro sobre o impacto da Covid-19 na vida das mulheres sob a perspectiva dos meios de comunicação feministas de El Salvador e Honduras. Os meios escolhidos foram a Radio Guarajambala e a La Radio de Todas/Todas TV entre o período de março e julho de 2020. María Cruz analisa que a cobertura da Covid-19 por esses meios de comunicação trouxe dois tipos de mensagens: a visibilização do impacto da pandemia sob uma perspectiva de gênero e análise crítica e de denúncia à gestão política dos países. Por meio da investigação, a professora evidenciou a importância da comunicação com perspectiva de gênero, assim como o uso de narrativas dirigidas à transformação social e o protagonismo feminino trazendo valores de união e solidariedade.

Em seguida, a professora e liderança tribal do seu povo Sandriane Pankara trouxe sua contribuição ao evento. A painelista baseou sua fala na representatividade das mulheres em meio à sociedade, exemplificando que em sua comunidade a liderança é majoritariamente feminina, o que a inspirou para também tomar sua posição. Sandriane avalia o impacto da pandemia na mobilização e luta das mulheres indígenas como um empecilho. Sobre o novo formato remoto para manter as discussões, a professora afirma: “Sentimos que é importante e interessante para não enfraquecer a luta, mas vemos que não há o mesmo peso”. Ela relata a luta de seu povo contra a pandemia da Covid-19, os quais se protegem sozinhos contra o vírus. Mesmo assim, Sandriane evidencia que muitos anciões infelizmente perderam as vidas para a Covid-19, levando um vasto conhecimento consigo. A professora se reconhece em muitas mulheres chefes de suas próprias famílias que se depararam com obstáculos frente à pandemia. “A gente tenta se moldar”, comenta, em meio ao relato de sua rotina como mãe e professora.

Após alguns questionamentos do público para as professoras, o painelista Geórgio Ítalo Ferreira de Oliveira, do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Ambientes Amazônicos/Nepam-UFAM, enviou um vídeo que finalizou o evento. Na gravação, Ferreira apresenta um dos capítulos de sua tese, que retrata mulheres quilombolas da região de Matupiri durante a pandemia da Covid-19. Ele evidencia a rede de solidariedade e diálogo entre elas, o que trouxe um fortalecimento para enfrentar este tempo tão conturbado.

O 7º Colóquio Mulher e Sociedade continua nos dias 29 e 30 de junho, com atividades pela manhã, à tarde e à noite. Para conferir a programação, acesse o site. As atividades são gratuitas e transmitidas pela página no Facebook do Mestrado em Jornalismo e canal do YouTube do projeto de extensão ELOS, da UEPG.

 

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