A 15ª edição da Primavera dos Museus do Museu Campos Gerais (MCG) terminou na sexta-feira, 24. O tema do evento foi “Museus: Perdas e Recomeços”. Para o último dia, o MCG convidou representantes de três instituições parceiras na montagem do Museu do Operário Ferroviário para um diálogo. Mediados pelo diretor geral do MCG, Niltonci Chaves, os convidados foram Rodrigo Sautchuk, diretor geral do Operário Ferroviário; Leonel Brizolla, presidente da Associação de Preservação do Patrimônio Cultural e Natural (APPAC); e Paulo Roberto Stachowiak, secretário municipal de Turismo de Ponta Grossa.
Para iniciar a conversa, Niltonci apresentou um breve resgate histórico da Estação Paraná, prédio no centro de Ponta Grossa. Chaves comenta que a chegada da ferrovia no município causou um grande desenvolvimento em diversos setores, como o urbano, econômico, social, cultural e demográfico. A edificação da Estação Paraná ficou vinculada à ferrovia até o começo dos anos 1990. Na gestão do prefeito Paulo Cunha Nascimento (entre 1993 e 1996), o prédio foi destinado a sediar a Casa da Memória, uma vez que a cidade não apresentava um espaço voltado para pesquisa da história regional. No ano de 2020, a Estação Paraná teve de ser desocupada por riscos estruturais e a Casa da Memória foi deslocada para um local próximo, onde se mantém até hoje. Neste contexto, surgiu a indagação: qual seria o destino da Estação Paraná?
A ideia da Prefeitura foi de repassar o imóvel para a Polícia Militar, o que não foi aprovado pelo público tendo em vista a perda de espaço para o campo cultural da cidade. Um impasse foi instalado sobre o futuro do prédio. A Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e o Operário Ferroviário Esporte Clube juntaram os interesses em comum e idealizaram a construção de um novo museu em Ponta Grossa, vinculado à história do clube de futebol. O próprio clube se responsabilizaria pela gestão orçamentária, restauro do prédio e implantação do projeto; a UEPG, através do MCG, cuidaria da gestão museal, narrativa e concepção geral do museu e a Prefeitura Municipal prezaria pelo apelo político do espaço por meio de programas de incentivos. A proposta é a criação de um museu-escola, com espaço para participação de acadêmicos dos cursos de História, Jornalismo, Turismo, Informática, entre outros.
O diretor geral do Operário Ferroviário Esporte Clube, Rodrigo Sautchuk, comenta que durante o planejamento de estratégia do clube foi desenhado que uma das metas do time é tornar-se um ator social na região dos Campos Gerais. Visto que a história do time se entrelaça com o desenvolvimento da cidade e dos próprios ponta-grossenses, o diretor ressalta a importância de conservar a história em um espaço que pode servir como ferramenta para estudos e pesquisas. “O Operário vai conseguir auxiliar no entendimento da história”, afirma Sautchuk.
Leonel Brizolla, presidente da APPAC, indica que é necessário encontrar um uso adequado para a Estação Paraná, que tem um grande papel de conservação da história do município, assim como o Operário Ferroviário, patrimônio da própria ferrovia. “Juntar o Operário e a ferrovia parece algo muito interessante para não deixar nenhum de lado”, conclui o presidente da associação. Ele comenta que, além dos fãs do time, turistas interessados pela história da ferrovia também visitarão o museu. “O museu, portanto, teria um grande público, trazendo turismo para Ponta Grossa”, finaliza.
“O Operário é um dos grandes colaboradores para reconhecimento de PG. A intenção é trabalhar pela nossa cidade, pela região e pelo turismo”, diz Paulo Roberto Stachowiak, secretário municipal de Turismo de Ponta Grossa. Stachowiak afirma que o “potencial do turismo” tem de se tornar realidade, e o Museu do Operário Ferroviário é uma grande alternativa para isso. A boa relação entre as instituições parceiras é fundamental para o sucesso do projeto.
Ao final da conversa, Niltonci Chaves ressalta a importância da Primavera dos Museus para encontros como este, já que era a primeira conversa entre os envolvidos com a iniciativa do Museu Operário Ferroviário. Após o diálogo entre os representantes, a ideia evoluiu e abriu portas para outras alternativas museais na região.
Para assistir todas as atividades do evento, acesse o canal no YouTube do Museu Campos Gerais.
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