1º Circuito Arte Rua tem como tema o Dia da Consciência Negra

O projeto objetiva o reconhecimento da cultura afro-brasileira em Ponta Grossa por meio do contato com a arte e a cultura

Em comemoração ao Dia da Consciência Negra, aconteceu neste sábado (20), no Parque Ambiental, a primeira edição do projeto “Circuito Arte Rua”, promovido pela Fundação Municipal de Cultura. O evento teve início às 10 horas e manteve atividades ao longo de todo o dia, com uma programação dividida em duas partes. Na abertura, Eurico Filho, do Instituto Sorriso Negro dos Campos Gerais (ISNEC), descreveu o evento como “local para festividades de cunho artístico feito do povo e para o povo, celebrando a cultura afrodescendente em Ponta Grossa”.

A programação da manhã, que precisou ser adaptada de última hora por conta do cancelamento da apresentação de um dos participantes, registrou a falta de interesse do público ponta-grossense. Com uma contação de história sobre as crenças da cultura africana antes do intervalo, a primeira parte do evento ainda carecia de atenção dos cidadãos que passavam pelo local. De acordo com José Luís Teixeira, presidente do ISNEC, o projeto significa muito para a comunidade negra do município. “Precisamos reconhecer o valor da cultura afrodescendente na cidade. A colaboração com o Circuito promove a representatividade negra em Ponta Grossa, e para isso, precisamos refletir sobre a necessidade de humanismo”, diz.

Entre os participantes do Circuito, Halisson Mocelin, pai de santo do candomblé, destaca a importância do conhecimento da cultura africana. “Estudo a minha religião há 14 anos e questiono muito sobre a representatividade, união e estudos das raízes da cultura africana em Ponta Grossa. As religiões afro-brasileiras ainda são tratadas como tabu”, avalia. De acordo com Halisson, vários outros terreiros de candomblé foram convidados para o evento, mas apenas um compareceu. “Nós estaríamos cantando louvores às divindades para abençoarmos a programação de hoje”, diz. Enquanto Halisson explicava, pouco a pouco, sobre a sua vestimenta e fio de contas (guias utilizadas em forma de colares) como pai de santo, a caixa de som do palco tocava uma oração que seu avô compôs. “A religião chegou na minha vida pela minha família. Meus avós maternos tiveram o contato com o candomblé em um momento delicado, e desde então, sinto que isso me foi guiado através de minhas raízes”, afirma.

A programação da tarde, que teve início às 13h, foi dividida em cinco partes: oficina de turbantes, roda de conversa sobre belezas negras, demonstração de capoeira, batalha de rimas e de b-boying e ao fim do dia, às 17h, um encerramento carnavalesco. O público da tarde, majoritariamente jovem, preencheu o parque para celebrar as atividades do projeto. Além das atividades do Circuito, uma barraca de comida permaneceu durante o dia todo para que o público conhecesse um pouco da culinária afro-brasileira. As vendas dos pratos típicos, como acarajé e vatapá, foram revertidas em benefícios para a Sociedade Afro-Brasileira Cacique Pena Branca.

Na mesma tarde, o evento “Graffiti no Escadão – Black Lives Matter (Vidas Negras Importam)” aconteceu no Escadão da Avenida Visconde de Taunay com artistas de Ponta Grossa, Curitiba, Londrina, Guarapuava, Apucarana e Caçador (SC). No Instagram, a Fundação Municipal de Cultura reproduziu fotografias de murais onde frases como “Liberdade é não sentir medo” e figuras de Dandara e Zumbi dos Palmares, pessoas importantes para a história afro-brasileira, foram grafitadas no Escadão.

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