Sessão pública ressalta importância de presservar bens imateriais

A primeira atividade da Semana do Patrimônio Cultural de 2022 foi inédita: uma Sessão Pública de Salvaguarda de Bens Imateriais, contemplando a Banda Lyra dos Campos, o artesanato em palha e a devoção ao túmulo de Corina Portugal. O evento aconteceu nesta segunda-feira (08), no Auditório A do Cine-Teatro Ópera.

A música formada pelos diversos instrumentos da Banda Lyra dos Campos abriu a noite com uma apresentação repleta de clássicos do cenário musical brasileiro. Após os aplausos do público, a cerimônia teve início. Brenda de Moraes Ferreira, diretora do Patrimônio Cultural, evidenciou a importância da primeira Sessão Pública de Salvaguarda de Bens Imateriais. “Se hoje sabemos de onde viemos, é porque momentos como este aconteceram. Se conhecemos nossa história, é porque alguém a preservou”.

Além de ser um dos bens imateriais em discussão para salvaguarda, a Banda Lyra dos Campos fez uma apresentação no evento. Imagem: Maria Luiza Pontaldi.

O primeiro bem imaterial em pauta para a discussão foi a Banda Lyra dos Campos. O maestro, Juliano Amaral, subiu ao palco para defender a salvaguarda, apresentando o papel da banda como formação de bons músicos e bons seres humanos. “Eu aprendo muito mais com o pessoal da banda do que tenho a ensinar”, afirma o maestro. Os elementos de tradição, identificação e registro representados pela banda foram trazidos em consideração pelo público antes da votação. Por decisão unânime, a Banda Lyra Dos Campos foi salvaguardada.

Em seguida, foi a vez do artesanato em palha entrar em discussão. Este modelo de artesanato não é originário de Ponta Grossa, mas se fortaleceu na cidade. A precursora foi Adelaide de Siqueira, que se encantou pelo artesanato em palha ao herdar uma boneca de sua avó. Foi ela quem trouxe o estilo para a cidade princesina, em 1997. No ano de 2002, 25 mulheres estavam engajadas com o projeto na cidade; hoje em dia, três mulheres concentram a confecção do artesanato em palha, mantendo a tradição de registrar a história ponta-grossense nas peças. “Queremos voltar a ser um grupo grande e, para isso, precisamos de mais apoio. Quero que as futuras gerações conheçam o nosso passado”, observa Vanderli Santos, uma das artesãs. Por 14 votos a favor e 2 contrários, o artesanato em palha foi salvaguardado.

Por fim, a devoção ao túmulo de Corina Portugal foi o último bem imaterial em discussão no evento. A história de Corina a fez ser considerada por muitos a “santinha dos Campos Gerais”. Ela foi assassinada pelo marido, Alfredo Marques de Campos, em 1889. Com a popularização de sua história, a devoção ao seu túmulo também se popularizou. Dione Navarro, autora da obra “Corina Portugal: súplicas e respostas”, se manifestou favorável à salvaguarda. “É um elemento

marcante para a história do povo ponta-grossense, sobretudo aos devotos de Corina Portugal”, reflete. Por unanimidade, a devoção ao túmulo de Corina Portugal também foi salvaguardada.

Com isso, os três bens imateriais em questão foram salvaguardados pela maioria dos votos. Após a sessão, foi realizada a premiação de Guardião do Patrimônio a alguns locais que registram a história de Ponta Grossa em suas edificações. São eles: Santa Casa de Misericórdia, BCN Vila Miraflores, Casa Biassio, Residência de Flávio Carvalho Guimarães, Bar Asa Branca e Clube Dante Alighieri. Além disso, também foi entregue o troféu de Amigo do Patrimônio para o Dr. Paulo Roberto Hilgenberg e póstumo para Mario Roberto Stinghen.

A noite teve fim com a confraternização dos músicos, artesãs e devotos no saguão do Cine-Teatro Ópera. O público que acompanhou a sessão teve a oportunidade de conversar com os produtores culturais, aproveitar a música da Banda Lyra dos Campos, apreciar as peças do artesanato em palha e trocar experiência com outros devotos da santinha dos Campos Gerais.

As atividades da Semana do Patrimônio Cultural de 2022 contemplam visitas guiadas à Mansão Villa Hilda, uma série de oficinas sobre educação patrimonial, passeios por pontos turísticos para alunos da rede estadual de ensino, além da exposição “Registros da cidade de Ponta Grossa: corpo e alma”, que fica disponível na Unidade Cultural do Ponto Azul até o dia 31 de agosto.

 

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