Associação reivindica reabertura dos museus nos Campos Gerais

Por Cassiana Tozati e Maria Luiza Pontaldi

A Associação de Museus da Região dos Campos Gerais (AMRCG) publicou, no dia 22 de outubro, uma carta aberta pedindo aos gestores públicos da região que reabram os museus compreendidos pela associação. Com dezenove espaços museais, a AMRCG afirma entender o fechamento dos espaços devido à pandemia do coronavírus mas, diante da flexibilização para a abertura de outras instituições e espaços públicos, a associação solicita a reabertura dos museus.

A Superintendência da Cultura da Secretaria de Estado da Comunicação Social e da Cultura determinou o fechamento dos museus do estado no mês de março, por meio de um decreto. Desde então, os museus da região permanecem fechados para a contenção do vírus e preservação da saúde pública.

Ao reconhecer a importância dos museus para a sociedade, a associação se compromete a atender todas as regras e medidas de segurança para uma reabertura controlada, evitando aglomerações e disponibilizando todas os materiais necessários.

A ASSOCIAÇÃO

A AMRCG foi criada durante a pandemia da Covid-19, com o intuito de se tornar um canal de representação para todos os espaços museais dos Campos Gerais. A ideia partiu do Museu Campos Gerais em parceria com a Associação dos Municípios dos Campos Gerais. Na abertura da Primavera dos Museus deste ano, foi realizada a sessão solene de posse da diretoria da AMRCG, de forma online via Google Meet, aberta ao público mediante inscrição prévia.

OS OBSTÁCULOS 

O presidente da AMRCG e diretor do museu Campos Gerais, Niltonci Batista Chaves, observa que o número de servidores é uma dificuldade para os museus públicos (municipais e estaduais) e que há situações distintas para a manutenção de espaços públicos e privados. Niltonci explica que, como existem restrições legais para a contratação ou substituição de quadros, a gestão é mais complicada. “No caso do Museu Campos Gerais, temos um quadro bastante reduzido de servidores e a maioria deles se enquadra no chamado grupo de risco”, relata.

O presidente da Associação esclarece que há apenas três servidores trabalhando presencialmente no Museu Campos Gerais e os demais de forma remota, o que inviabiliza uma série de trabalhos que demandariam a presença física dos servidores e também a reabertura das exposições e demais atividades culturais. Além disso, Niltonci cita a dependência que os museus têm da presença do público, justamente o que não pode ocorrer no contexto da pandemia.

Nesse sentido, a representante da instituição regional, Samara de Lima, do Centro Cultural Castrolanda, expõe que apesar de existir um discurso de não abertura que prioriza aquilo que é visivelmente lucrativo, a população em geral não apresenta relutância para a reabertura dos museus. Ela informa que visitantes procuram regularmente informações sobre a reabertura ou utilizam as áreas comuns externas para lazer. 

MEDIDAS DE SEGURANÇA

Para tranquilizar a população, Niltonci e Samara informam que as medidas de segurança nos museus devem se adequar aos procedimentos gerais: uso de máscaras durante toda a visitação, uso de álcool em gel na entrada e em todo o percurso, uso de ventilação natural, redução do número de visitantes e distanciamento entre eles, e a priorização das exposições sem acesso tátil. As medidas valem, além dos visitantes, para o quadro de funcionários dos museus. Os dois deixam claro que a prioridade é a saúde de todos, por isso, a preocupação com a segurança é muito maior do que com o volume de visitantes.

A IMPORTÂNCIA DE REABRIR OS MUSEUS

O Museu Campos Gerais atualmente é aberto, com horário marcado, somente para fins de pesquisa. O diretor do museu Campos Gerais explica que uma das grandes frentes de atuação do museu é o atendimento aos pesquisadores, que utilizam o acervo documental na busca de fontes para trabalhos de conclusão de cursos, dissertações ou teses. Niltonci expõe que os Acervos Históricos Hugo Reis, do MCG, concentram um considerável número de documentos, e reabrir esse espaço significa viabilizar a continuidade de trabalhos de graduação e pós-graduação por parte de um grande número de pesquisadores que necessitam acessar os documentos contidos no acervo do Museu. Isso ocorre porque, apesar da pandemia, muitos prazos de entrega de trabalhos não foram alterados e a AMRCG pode contribuir com as pesquisas.

De uma perspectiva cultural, Samara fala sobre a importância de reabrir os museus tendo em vista que parte da população não consegue acessar os conteúdos virtuais, assim como parte dos espaços culturais não possui mecanismos ou funcionários para realizar integrações digitais. A representante da instituição regional afirma que reabrir os museus possibilita o acesso de maior parte da população para as informações presentes nesses espaços de memória, além de estimular o turismo local que foi um dos setores mais afetados durante a pandemia.

 

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