Bares e restaurantes de PG sofrem consequências da pandemia

Os bares e restaurantes de Ponta Grossa deixaram de ter apresentações musicais desde que a pandemia do novo Coronavírus começou. No período de um ano, eles precisaram se adequar às restrições previstas nos decretos impostos pela Prefeitura Municipal de Ponta Grossa e pelo governo do Estado do Paraná para combater a Covid-19. Os prejuízos acumulados são desesperadores para os donos dos estabelecimentos, que tiveram uma queda no faturamento anual. Os estabelecimentos tiveram que se reinventar em meio à crise econômica para conseguir algum lucro. Os serviços de deliverys foram uma das maneiras para impedir que as portas dos estabelecimentos de Ponta Grossa se fechassem. Mas as principais atrações musicais dos bares e restaurantes da cidade continuam interrompidas.

Tradicionais na cidade, os espaços Phono Pub e Garage Jazz and Blues enfrentam os decretos de maneira diferente. Enquanto o primeiro está sem apresentações desde março do ano passado, o outro teve música ao vivo até a segunda quinzena de fevereiro deste ano. O toque de recolher, proposto nos decretos estaduais e municipais, restringe os horários de funcionamento de diversos serviços. Uma das medidas encontradas pelo governo para tentar diminuir a taxa de transmissão afetou os empresários do setor alimentício. Os donos dos estabelecimentos tiveram que recorrer a empréstimos do governo e ao apoio financeiro de uma das principais indústrias de cervejaria do mundo, a Heineken, conhecida como “Brinde do Bem”. Além de reduzir a carga horária dos funcionários, conforme as medidas emergenciais.

O comerciante, Silvio Mendes Jr., é proprietário do Phono Pub há sete anos. Silvio explica os transtornos enfrentados pelo estabelecimento, no período da pandemia. “Desde março do ano passado não temos atrações musicais, como se não bastasse, tivemos que sair do antigo imóvel e com isso ficamos fechados por quase três meses”, diz o proprietário sobre a crise que se instalou em seu bar. Por conta dos decretos municipais e estaduais, o dono do Phono afirma notar incoerências nas determinações. “Os decretos não são pensados de forma inteligente, pois eles fecham os bares e restaurantes à noite, mas durante o dia o comércio permanece totalmente aberto”,  destaca Silvio.

Para o proprietário do Garage, Sérgio Petrochinski, o novo horário de funcionamento é insalubre e não atende as demandas do bar, que funciona apenas no turno da noite. “Imagino que se eu tivesse numa rua com movimento acentuado, talvez eu fizesse a abertura no horário do almoço, mas, como não é o caso, não vejo como seria viável essa alternativa”, afirma. O ambiente, que está seguindo todas as regras de segurança sanitária, está preparado para retomar os atendimentos presenciais. No âmbito musical, não há chances de que os artistas percam o palco, porque “a música vai sempre existir nos bares”, reitera Petrochinski.

Sem a possibilidade de tocar em bares, os músicos procuram novas formas de se manter economicamente. O instrumentalista, Nicolas Salazar, não dependia apenas das apresentações, mas era uma renda a mais. “Fomos um dos primeiros a parar e seremos um dos últimos a voltar”, explica o artista sobre as possibilidades de tornar a tocar nos próximos meses. Para ele, o apoio da Prefeitura por meio de editais é essencial para manter os artistas locais. A possibilidade de um dia retornar aos palcos é o que mantém Nicolas animado. “Tenho vontade de retomar minhas apresentações em bares, pois não preciso tocar só o que o público quer ouvir, posso experimentar diversos estilos”, conclui.

E quem os apoia?

A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (ABRASEL) representa, há 35 anos, o setor de alimentação fora do lar. A responsável pelo departamento executivo da associação, Leila Pires, revela como tem sido o apoio aos estabelecimentos de Ponta Grossa neste último ano. “Infelizmente ainda passamos por dificuldades para reabrir o setor de alimento, devido ao alto índice da Covid-19 na cidade”, destaca. A representante da ABRASEL afirma que as recontratações dos músicos ainda não possuem previsão, por conta do toque de recolher. “Se não fosse pelo decreto estipulado pela Prefeitura de Ponta Grossa, para bares e restaurantes, acredito que seria possível a apresentação de algum artista, sem incluir bandas”, diz Leila.

Tanto Sérgio, dono do Garage, como Silvio, dono do Phono, dizem que a esperança para o futuro de seus estabelecimentos depende da vacina. Mas o cenário de crises, em meio à pandemia, ainda segue incerto e sem previsão para melhorias. Os comerciantes tentam a todo custo continuar com seus bares e restaurantes em aberto, porém não sabem até quando. Atualmente, o Phono Pub atua somente através do delivery. Já o Garage Jazz and Blues atua também com retiradas de pedidos direto no balcão.

 

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