“Brincadeira” no tatame

Por Cassia Aguiar e Vinícius Biazotti

Brenda Garret, carateca, 12 anos, deixa bem claro:

“Nos treinos eu deixo minha família de lado.”

Os pais são considerados como técnicos. Na hora do esporte, Brenda não trata seus progenitores como pais, mas, sim, como treinadores. Faz isso para não perder o foco no treinamento e possuir uma maior dedicação. Fora do treinamento Brenda vê os pais como o pilar da sua carreira.

O pai e técnico, Anderson Garret, incentiva e cobra a filha e aluna em todos os treinos. Com brilho nos olhos responde que a Brenda é uma filha que o enche de orgulho. Mesmo com o treino pesado, o pai mantém um cuidado com a filha no colégio.

E na visão de treinador Anderson reforça:

– Ela se esforça pra caramba, porque eu pego no pé dela, não é porque ela é minha filha que eu vou deixar de cobrar como técnico, eu cobro dela que chega a ter uma bagagem maior de cobrança, eu sei da capacidade que ela tem, cobrança de pai e cobrança de técnico também.

A dedicação intensa e a paixão pelo esporte levou a menina ponta-grossense, Brenda Garret, de apenas 12 anos, a integrar na seleção brasileira nos Jogos Pan-Americanos de karatê.

A menina é destaque na cidade de Ponta Grossa e região dos Campos Gerais pelo seu talento com tão pouca idade. Está estampada em jornais e já recebeu menções do governo municipal através da Fundação Municipal do Esporte. A fundação é um dos principais incentivadores na carreira da garota princesina.

Treino árduo, com chutes, socos, golpes certeiros. Brenda Garret, expressa em seu sorriso o orgulho que possui por suas conquistas. A menina treina desde os quatro anos de idade. Quando pequena, não gostava de brincar de bonecas, casinha ou brincadeiras típicas de outras crianças.

Brenda acompanhava seus pais no karatê. Observava atentamente as pessoas fazendo exercícios e como forma de brincadeira de criança, tentava imitar os passos e ataques que eram ministrados em aula.

– “Eu ficava brincando e tentando fazer igual”.

O empenho da pequena era tanto que chegou ao momento em que os pais e futuramente técnicos da menina sugerirem que ela começasse a dar passos maiores e ter noções básicas da luta.

A paixão pelo esporte que pratica cresceu junto com a idade. Aos 7 anos, a atleta já praticava campeonatos mirins, a níveis estaduais e nacionais. Agora, aos 12 anos Brenda diz querer avançar e construir a sua carreira na área do esporte.

– “Agora levando bem a sério. É isso que eu quero mesmo.”, diz a menina.

Agora, Brenda pretende focar mais nos treinos, aperfeiçoar ainda mais o que aprendeu e pretende levar as lições para o resto da vida. Ela conta que os pais tiveram uma grande participação na construção da carreira, pois segundo ela, eles sempre foram bem rígidos na questão dos treinos.

Ela não tem preguiça. Ela nunca deixou de treinar e leva os exercícios a sério. Brenda tem sonhos de prosseguir com a sua carreira e sabe que apenas com os treinos poderá alcançar seus objetivos.

A brincadeira se tornou algo sério

A ideia de começar a treinar para entrada para a seleção brasileira veio das conquistas que ela já vinha alcançando nos campeonatos pequenos, que em todos acabava em 1º lugar. Durante as competições de maiores portes, ela se destaca, ficando entre as 3 melhores.

Brenda Garret foi convidada pela Confederação Brasileira de Karatê (CBK) a representar a seleção brasileira do campeonato pan-americano de karatê em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia em agosto desse ano.

A atleta participou na categoria Kumitê (luta) sub-14 feminino de até 45 quilogramas. Ela conta que foi uma boa experiência porque aprendeu técnicas diferentes. “É um outro mundo do esporte.”, conta Brenda.

A carateca possui várias medalhas de campeonatos que já venceu pelo Brasil. Em um dos mais importantes campeonatos “Open de Karatê Arnold Classic Brasil”, no Rio de Janeiro no mês de junho deste ano, Brenda levou medalha de prata em kumitê (luta) e medalha de bronze no katá (fórmula). O evento de grande porte recebe atletas de várias partes do mundo. Essa conquista reflete o avanço da atleta em sua carreira.

Com a ida à Bolívia para defender a seleção brasileira, o pai afirma que a filha voltou outra atleta, mais determinada e “com folego” para competir mais e mais.

Treinos e estudos lutam juntos

O treinamento não impede que Brenda estude. A pequena atleta conta que estuda muito e não deixa de lado as atividades escolares. Gosta de inglês e ciências.

– Eu passo a maior parte do tempo estudando quando eu não tenho treino.

Brenda está no oitavo ano no Colégio Integração de Ponta Grossa. Gosta de inglês e ciências naturais. Estudar para Brenda é uma responsabilidade, treinar é o seu lazer. É a brincadeira de criança.

Dentre os campeonatos que Brenda participou, o brasileiro de karatê em Maceió, quando tinha 8 anos, foi um dos mais marcantes para a atleta. Ela conta que gostou das experiência, pois conheceu lugares, culturas e pessoas diferentes.

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