‘Carolina em HQ’ reflete a importância de escritoras negras na literatura

Por Bruna Kosmenko e Rafael Santos

Nesta terça-feira, 19, véspera do Dia da Consciência Negra, a exposição ‘Carolina em HQ’, mostra de originais da história em quadrinhos sobre a escritora Carolina Maria de Jesus, estreou em Ponta Grossa, no Museu Campos Gerais. Os artistas visuais Sirlene Barbosa e João Pinheiro vieram de São Paulo para a abertura do evento. Autores do livro ‘Carolina’, de 2016, fizeram palestras e sessão de autógrafos durante a abertura. Além da estreia da exposição na cidade, a data marca, também, a primeira exibição nacional da exposição, antes apresentada apenas em Portugal.

De acordo com a artista visual e também professora, Sirlene Barbosa, a ideia de contar a história da escritora Carolina Maria de Jesus surgiu por perceber o não reconhecimento de escritores e escritoras negras nas escolas e na literatura brasileira. “É um nome que precisa ser dito, que precisa ser lido, que precisa ser falado com mais veemência, inclusive para que estudantes percebam que: ‘Olha, eu sou descendente de uma pessoa negra que escreve’”. Ela defende a necessidade de contar uma outra história e descolonizar o conhecimento. “Por conta disso eu comecei a ler tudo de Carolina, tudo que se falava dela. Eu conversei com o João e ele topou escrever o livro comigo”, relata.

Os artistas fizeram pesquisas tanto históricas quanto fotográficas, principalmente de jornais e documentos em museus para construir a HQ. O livro é dividido em três partes. João Pinheiro, que fez o trabalho de ilustração, diz que os desenhos foram pensados para conversar com a narrativa da história. “Você vai lendo e vendo as imagens [que funcionam como forma de descrição de cenário] que é justamente o que ela [Carolina] fazia em seus textos”. A construção dos desenhos foi feita a lápis. O artista escolheu esse material porque a própria escritora, Carolina Maria de Jesus, utilizava lápis para escrever suas histórias: “Sabendo que ela escrevia com tocos de lápis, então eu pensei, porque não?”. Para se aproximar do próprio texto de Carolina, os artistas optaram por não escrever uma história linear, mas uma narrativa em forma poética, inspirando-se nas próprias histórias de Carolina para criar as imagens.

A mostra exibe ilustrações que originaram a história em quadrinhos sobre a escritora Carolina Maria de Jesus. Renomada literata brasileira, autora do livro “Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada”, publicado em 1960, foi uma das primeiras escritoras negras do Brasil.
A entrada é gratuita e a exposição fica em cartaz até o dia 14 de março de 2020. A mostra faz parte do edital de Seleção de Projetos sobre Expressões e Manifestações da Cultura Afro-brasileira do Conselho Municipal de Política Cultural de Ponta Grossa e Fundação Municipal de Cultura. A curadoria é do jornalista e professor da UEPG, Ben-Hur Demeneck. O evento tem parceria com o Museu Campos Gerais, Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Culturais, Editora Veneta, Biblioteca Central da UEPG, Projeto de Extensão Cultura Plural, Departamento de Artes da UEPG e Instituto Sorriso Negro.

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