Por Enrique Bayer
A Companhia Arte das Águas, de Ibirá, São Paulo apresentou nesta segunda-feira, (12), seu espetáculo musical ‘A Vaca Lelé – Deixe Seu Sonho Voar’. A peça, que continua a programação do 46° FENATA, aconteceu no Cine Teatro Pax.
Dirigido por Fabiano Amigucci o musical relembra a trajetória da vaca Matilde (ou Lelé) pela perspectiva do Espantalho, que é amigo e observador de todos os personagens do espetáculo e principal interlocutor nos quarenta e cinco minutos de peça.
A vaca Matilde era um animal ingênuo e inocente, de “comportamento infantil”, que vivia fugindo do estábulo. A trama, portanto, se desenvolve nesses episódios de fuga, explorando os sonhos de Matilde: voar e ser livre.
Nas andanças longe do estábulo a vaca encontra o Pardal. Matilde se admira porque o pássaro não está numa gaiola e diz que nunca lhe colocaram numa gaiola, ao que o pardal questiona “Mas você já viu vaca em gaiola? Já sei, é vaca louca”. Aproveitando a liberdade da fuga despreocupada, Matilde diz ainda que “todos aqui tem medo do touro, né?”.
Mais adiante, o Pardal diz que Matilde deve conquistar sua liberdade. Perspicaz como uma criança, a vaca responde: “pois então vou conquistar minhas azas”. Nesta pequena passagem estão dois conceitos fundamentais da peça: a noção de liberdade e o sentimento de medo;
Os diálogos avançam na medida em que Matilde encontra outros personagens, sempre com os atores explorando os maneirismos e o linguajar do campo, o que arranca algumas risadas das crianças que lotavam o auditório, boa parte vinda de colégios municipais e estaduais da cidade.
A peça continua e Matilde encontra moscas, que questionam a sanidade da vaca mais uma vez quando ela diz que vai pode voar como elas. A nova cena e uma nova personagem são precedidas por uma música: Matilde encontra uma galinha e a questiona sobre “a vontade de voar para ser livre”. A galinha se diz acomodada. A vaca novamente traz a tona o assunto das azas ao que a galinha responde com um cacarejo debochado.
Em outros episódios, Matilde encontra o Touro, do qual todos tem medo. Sem saber o que é medo, a vaca empreende dialogo com o temido animal e acaba espantando-o. Finalmente, Matilde encontra vagalumes, que se espantam porque – novamente – ela não tem medo, dessa vez, da noite “por que vou ter medo se eu tenho vocês aqui comigo?”, questiona a vaca.
“Matilde dormiu. Ela tinha certeza que tinha conquistado tudo, e que seu coração voava com bondade. Tinha certeza também que jamais ia ficar parada ou acomodada”, começa o Espantalho no último ato. A vaca então acorda assustada ao toque do berrante até que finalmente é levada à força de volta ao estábulo aos gritos de “eu tenho medo!”.
Matilde finalmente descobre o medo, mas seu fim é incerto para o espectador infantil. Ela é levada. O Espantalho conclui então dizendo que “Matilde voou mais alto que as estrelas do céu, um voo sem asas, mas não importa, porque ela voou aqui ó…”, apontando para o coração. Matilde reaparece num cenário que simula o céu, alegre e voando.
Com sensibilidade, leveza e boas atuações, a Companhia Arte das Águas consegue trazer temas importantes para as crianças à tona, sem que o musical perca a capacidade de emocionar e divertir.
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