Desencantos de Machado de Assis

Na noite dessa quinta-feira (05), o segundo dia do Festival de Teatro e Circo exibiu “Desencantos” do grupo Letras Cênicas de Ponta Grossa. A apresentação teve característica de sarau e prestou homenagem a Machado de Assis pelos 110 anos da eternização de sua obra. Com leituras de três poemas do autor, música ao vivo no violoncelo e leitura dramática, a estreia do espetáculo teve boa recepção do público presente no Auditório B do Cine-Teatro Ópera.

O grupo, que possui seis anos de trajetória, valoriza leituras dramáticas em conjunto com encenações. Desde sua origem, em 2012, a equipe realizou três leituras. Segundo o relato dos atores, a montagem da peça se concretizou em um mês, e começou “sem gana de montar”. O motivo de escolha da leitura veio pelo pouco conhecimento das obras dramatúrgicas de Machado de Assis e de sua avaliação negativa pela crítica. Com aperfeiçoamento, o grupo pretende levar essa iniciativa para outros espaços, como parques, museus e praças.

A história conta a disputa de dois homens interessados em se relacionar com a viúva Clara (Bya Paixão). Um deles (Carlos Alexandre Andrade) é considerado um sonhador e o outro, um realista (Jocemar Chagas). De cenário intimista, composto apenas por quatro cadeiras e as folhas de papel que eram jogadas ao chão conforme o avanço da leitura, a narrativa se desenrola.Os figurinos elegantes demarcam a época em que se passa a história.

A luz simples do palco era direcionada nas cadeiras e não impediu os atores de enxergarem a plateia. “Não é uma peça de teatro, é uma leitura dramática. Então a gente via que o fato de estarmos com o texto na mão, de lermos o texto não fez com que ele perdesse a força, as pessoas compraram a história”, relata o ator amador e conselheiro artístico Jocemar Chagas (37) sobre as reações do público.

Após a apresentação, aconteceu um debate em que o público se mostrou satisfeito com a obra. Além de elogios à apresentação e sugestões de aprimoramento, a música ao vivo foi destacada por ser “sempre bem-vinda”, mesmo que não seja novidade usar esse recurso no teatro. O ator Jocemar Chagas observa que a boa recepção do público “é uma mostra de que, talvez, tenhamos chegado perto de alcançar o que nós pretendíamos, essa imersão no mundo de Machado de Assis”.

O grupo é conhecido por seu “Amores de Machado de Assis” que foi apresentado pela primeira vez em 2016 e recebeu várias indicações em festivais da região e sul do país. O espetáculo foi vencedor de prêmio de melhor iluminação em Toledo, de iluminação e trilha sonora no 17º Festival Internacional de Rosário do Sul e de melhor ator  e segundo melhor espetáculo no Festival Internacional de Paranaguá.

Essa peça circulou para fora da cidade em 2016. “Nas outras cidades, como é um público espontâneo, que nós não conhecemos, acaba sendo maravilhoso. Mas não tem essa presença do dia a dia, vamos dizer assim, das pessoas da cidade que nos veem como civis e como artistas. Acho que esse é um ponto de diferenciação. Gostamos de estar fora e gostamos de estar aqui”, expressa o ator profissional Carlos Alexandre Andrade (31).

O grupo participa do Festival de Teatro e Circo da cidade há algumas edições. “Ver esse andamento do festival é muito bom pra gente como artista na cidade, ver que existe alguma coisa que valoriza as artes cênicas”, elogia o ator profissional Carlos Alexandre Andrade (31).

O Festival contará no total com dez peças, sendo duas de teatro de rua: no domingo (08), às 17h no Parque Ambiental; e na terça-feira (10), às 12h30, no calçadão. O evento se estende até a próxima sexta-feira (13) e as apresentações acontecem no Cine-Teatro Ópera às 20h, com entradas de 30$ (inteira) e 15$ (meia-entrada).

 

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