Por Daniel Schneider e Danilo Schleder
O consumo de bebidas alcoólicas é um costume arraigado na cultura nacional. Seja no churrasco de final de semana, no aniversário do amigo ou naquele happy hour após o expediente. Pesquisas recentes apontam que o hábito do brasileiro pode ser melhor do que se pensa. Segundo estudos realizados em diversas universidades espalhadas pelo mundo, a ingestão de bebidas alcoólicas em quantidades pequenas pode ajudar no combate de vários problemas de saúde, desde a cura de doenças leves (como gripe e dores de cabeça) até problemas de saúde mental (como depressão e ansiedade).
Bebidas como cerveja, cachaça (pura) e vinho podem trazer mais benefícios que problemas em doses pequenas. Isso porque o álcool, que faz parte da composição das bebidas, age no organismo de forma a causar diversos efeitos.
A dose recomendada, segundo os estudos, é a ingestão de 15g de álcool diária, o que corresponde a uma dose de cachaça (pura) ou um copo americano (cerca de 200ml) de cerveja. Dessa forma, diversos efeitos malignos do álcool no corpo (como a euforia, a alteração de atenção, de sentidos e a visão dupla) podem ser evitados.
Entre os efeitos bons que essa prática pode trazer, existe a sensação de alegria. Segundo a Universidade Columbia, dos EUA, o álcool combate o princípio de depressão, já que dá esse “up” de alegria no organismo. Porém, o recomendado é não recorrer sempre ao álcool, já que a ingestão em grandes quantidades acarreta o vício do alcoolismo.
Além disso, as bebidas auxiliam a evitar pedras no rim. O efeito diurético do álcool ajuda na eliminação dos sais que se concentram nos rins e a produção excessiva de urina auxilia na limpeza dos rins. Desse modo, o estudo realizado pela Universidade de Cambridge, mostra que a ingestão de álcool, e mais expressivamente na cerveja, na quantidade correta diminui em 40% o risco de cálculo renal. E a quantidade de água presente na cerveja também mantém o corpo hidratado, mas o recomendado é que as doses de cerveja (200ml) sejam seguidas de uma garrafa de água.
Outro fato sobre os efeitos as qualidades do álcool no corpo é redução das chances de problemas cardíacos. Segundo o cardiologista Anderson Brega a ingestão de álcool em pequenas doses ajuda tanto o coração quanto o fígado. Isso ocorre porque o álcool impede a criação de placas de gorduras nas paredes das artérias. Porém, o uso de álcool para isso não é recomendado pelos médicos. “É um risco algum médico indicar o paciente beber para evitar algo, não podemos assumir riscos na nossa profissão. Auxiliamos eles a acharem o que pode ser melhor, mas não podemos falar que isso [ingestão de bebidas] vai salvar sua vida.” afirma Brega.
Outro estudo semelhante para essa situação vem do Departamento de Agricultura dos EUA (United States Department of Agriculture – USDA). Segundo o USDA, as pessoas que ingerem pequenas doses de bebidas têm menores chances de desenvolverem doenças cardíacas, derrames e diabetes. Desse modo, o estudo confirma que a longevidade pode ser auxiliada por essa prática.
Estudos não finalizados
A Universidade de Illinois tenta comprovar que o álcool também pode auxiliar durante o expediente. O estudo entrega pequenas doses a um grupo de funcionários de uma empresa, enquanto outra parte não toma nada. Ambos são colocados para resolver as mesmas situações de stress e, até agora, o resultado tem sido próspero para quem utiliza o álcool.
Segundo a pesquisa realizada pela Universidade, os funcionários que consomem a pequena dose de álcool, além de pensarem de forma mais lógica, resolvem os problemas em menor tempo que os demais. Isso se dá pela sensação de relaxamento que o álcool traz ao corpo e, com isso, o alívio da pressão na hora de realizar as tarefas.
O outro lado da situação
A nutricionista e professora do Cescage e das Faculdades Ponta Grossa, Damaris Beraldi Godoy Leite, faz ressalvas quanto a essas informações. De acordo com a professora, não são todas as bebidas que possuem propriedades nutricionais benéficas ao organismo, com muitas sendo consideradas “calorias vazias”. Damaris explica que o conceito de caloria vazia se aplica a alimentos e bebidas que não possuem um equilíbrio entre os nutrientes. Por exemplo, se a bebida é essencialmente carboidrato, com presença pequena de outros micronutrientes, é considerada uma gordura vazia.
Damaris afirma que, como nutricionista, não recomenda o consumo de álcool com muita frequência na semana, pois há um risco de se tornar dependente do produto. Longe de proibir o consumo, ela recomenda que se faça uso em determinados momentos. “Eleja um, ou no máximo dois dias por semana, e que você possa tomar dentro de uma situação de comemoração, de um círculo de amizades. Não numa situação que se faça diariamente ou numa situação de tristeza ou de busca de compensação”, comenta a professora.
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