O cineclube Foca na Tela, promovido pelo projeto de extensão Cultura Plural, do curso de Jornalismo da UEPG, exibiu o filme ‘Cara Gente Branca’ (2014) nesta quarta feira (25), às 18 horas. O evento integrou a 13ª Primavera dos Museus no Auditório Brasil Pinheiro Machado do Museu Campos Gerais. Após a exibição aconteceu o debate sobre o filme, com enfoque em aspectos do jornalismo.
O filme ‘Cara Gente Branca’ mostra jovens da universidade Winchester em conflito. Samantha White enfrenta diversos problemas com o seu programa de radio de nome Cara Gente Branca. Relações pessoais, eleição da casa Armstrong/Parker e a polemica festa organizada pelo filho do reitor, branco, Kurt, se destacam no filme. A festa promove o Blackface, o que gera um conflito entre os dois grupos da universidade.
O mediador do debate foi o jornalista e mestrando em Ciências Sociais Aplicadas Nilson de Paula, que estuda negros e negras na mídia em Ponta Grossa. Nilson levantou questões presentes no filme como racismo reverso, representações dos negros na mídia, o uso o discurso das minorias para o próprio oportunismo, além de contracultura e segregação.
Sobre o filme, Nilson considera que foi inspirado em casos reais acontecidos em universidades que promoveram uma festa blackface. “É marcante porque choca quem assiste ao trabalhar com o preconceito, seja contra os negros e as negras, como também ao tratar da homofobia. É interessante ao mostrar que a arte imita a vida, já que o filme é inspirado em casos reais, em universidades que realizaram festas blackface, ou seja, festas caracterizadas por pessoas brancas que pintam seus rostos para satirizar pessoas negras”, destaca.
No debate foi levantada a atualidade do filme. Nilson deu como exemplo o preconceito enfrentado por religiões de matrizes africanas como candomblé e umbanda. “Essa realidade mostra um racismo velado, o que nāo é diferente no Brasil, que tem ainda um preconceito fortíssimo contra negros e negras”, afirma.
Sobre a importância de se assistir ‘Cara Gente Branca’ no momento politico atual, Nilson relacionou com comentários do meio politico. “Desde alguns discursos do alto escalāo do poder executivo brasileiro, que já ridicularizou as mulheres negras ao dizer que quem se envolve com uma negra é “mal educado”; até a presença forte de um racismo institucional, o racismo indireto presente nas instituições públicas do Estado que vāo desde a exclusāo de negros e negras pobres, até o assassinato da população negra, que tem o caso da vereadora Marielle Franco como um dos mais emblemáticos”, finaliza.
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