Grafiteiros trazem vida à periferia

Por Gabriel Clarindo Neto

Mais de cem artistas de todo o Brasil e mais de dez artistas internacionais estiveram envolvidos, entre os dias 20 e 22, na revitalização dos muros da Associação dos Deficientes Físicos de Ponta Grossa (ADFPG), que fica no bairro do Shangrilá, e também do ônibus de uso da entidade. O evento foi organizado pela Hill Side 13, coletivo ponta-grossense de grafiteiros, tatuadores e adeptos da cultura lowrider.

Conhecido nas ruas de Ponta Grossa como Luwid, o grafiteiro e um dos organizadores conta como é satisfatório organizar um evento artístico que consegue reunir artistas de diversos estados do Brasil e também de outros países. “Sem muitos recursos e sem apoio, é um tapa na cara de muita gente. O que governo nenhum dá, a gente vai atrás e traz para o povo”, observa.

“Além de um protesto, um sentimento, uma revolta, a arte do grafitti para mim é uma vida.” É assim que Tatá Totis, grafiteiro de São Paulo, agora residente em Ponta Grossa, se expressa ao traduzir em palavras seu sentimento pelo grafitti. Tatá já grafita há 17 anos e, tendo atuado tanto na capital paulista quanto em Ponta Grossa, atualmente também produz quadros e camisetas de forma independente que incorporam elementos da cultura do grafitti. Ele ressalta a importância de eventos como o Grafitti Cor e Ação por mostrar suas obras, sua arte, seus pensamentos, seus dizeres e divulgar seus trabalhos.

“O grafitti é uma maneira espontânea de expressar seus sentimentos e seus desejos, é um espanto inicialmente e depois um encanto”, explica Farinha, tatuador, grafiteiro e também um dos organizadores. Ele destaca o crescimento do evento que já acontece há 4 anos e conta que a arte do grafitti, por estar fora da galeria, alcança outros espaços e atinge as pessoas de maneira diferente.

Atualmente, mesmo que bem difundido, o graffiti é comparado ou até mesmo confundido com a pichação. Muitos dos grafiteiros presentes disseram nunca terem sido pichadores, mas segundo eles existe respeito com o grupo. “É difícil julgar algo que não se compreende, o pixo tem todo um estudo da caligrafia e da escrita”, explica o grafiteiro Zion Paty, de Apucarana, norte do Paraná. “O ambiente externo é onde o público da periferia tem acesso, o grafitti realiza uma grande mudança tanto no visual, quanto pela transformação sociocultural dos indivíduos”, comenta o grafiteiro.

No evento, famílias e crianças passavam pelo local e acompanhavam o desenvolvimento da arte nos muros que ficam ao redor da ADFPG. O ambiente era amistoso, de colaboração e respeito mútuo entre os artistas que produziam suas obras ao som do dj que tocava clássicos do rap nacional como Racionais Mc’s, Criolo, Facção Central e RZO. De Santiago no Chile, apó

De Santiago no Chile, após ter viajado quase um dia e meio para sua terceira vinda ao Brasil e primeira ao Paraná, Snap, grafiteiro e membro do grupo musical de hip hop hardcore La Banda Del Loko Rony, conta que as letras de seu grupo falam sobre a mística da América do Sul. Ele diz ser um prazer representar as periferias chilenas no Brasil. “O grafite é uma forma de vida da população da favela, do undergound, da vila, de todo lado da América do Sul. Não existe cor, nem raça que o represente, só o representa o amor à pintura, ao spray, o amor ao grafiti”, enfatiza Snap.

Segundo a lei municipal nº 11.761 (2014), de autoria do vereador professor Careca (Marcelo A. de Barros), dia 21 de novembro é o dia do Hip Hop em Ponta Grossa.

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