A trajetória da dança ao longo dos séculos foi contada no palco do Cine-Teatro Ópera na noite do último sábado (30). O espetáculo, do Studio Alan Oliveira, voltou para os tempos primitivos e fez um passeio pela história de diversas nações e sociedades para apresentar ao público como a dança se tornou um artefato cultural e uma forma de expressão universal.
A partir dos sons produzidos pelos pés, que se mexiam de maneira ritmada, é que surge a dança entre as tribos pré-históricas. Com o passar do tempo, o cadenciamento de gestos e movimentos foi reforçado pelo bater das palmas, pela percussão e mais tarde pela instrumentação. É a arte de mover o corpo e ao mesmo tempo uma relação entre tempo e espaço, estabelecida por um ritmo e uma composição coreográfica.
Segundo correntes antropológicas, a origem da dança se iguala à origem da humanidade e estava relacionada à conquista amorosa entre integrantes de um mesmo grupo social. Portanto, era uma prática individual. As danças em grupos, por outro lado, surgiram somente dentro de contextos religiosos. Elas eram associadas à adoração de forças superiores ou à invocação de espíritos, como uma maneira de agradecer o êxito nas caças, a chuva para o plantio, o bom tempo para a colheita e o sucesso nas expedições.
“Trazemos em nós a ancestralidade da dança” é a frase que dá início ao espetáculo. No primeiro ato, os espectadores são convidados a uma viagem por cada fase da humanidade, em busca de conhecer as danças típicas das mais diversas nações do globo, mostrando a evolução não somente dos passos coreográficos, mas também de toda uma sociedade. Entre as coreografias apresentadas da Pré-História e Antiguidade estão as danças primitiva, egípcia, grega, indiana e japonesa. Também fizeram parte do primeiro ato duas escolas convidadas, responsáveis por contar a partir dos movimentos da ginástica rítmica a história da dança chinesa e a turma de Judô do colégio Sant’Ana, com uma performance de luta coreografada.
Já na Idade Média o público conheceu mais sobre as danças em grupo, como a dança medieval carola e a dança macabra, relacionada ao medo que a sociedade carregava da Peste Negra. Em seguida vem o Renascimento, e com ele a criação de diversos estilos de dança clássicos, como o Ballet, o Minueto e a Valsa. O primeiro ato ainda encerra com o contraste entre as danças moderna e cigana.
O segundo ato já traz uma nova visão da história da dança. Com a chegada do século XX, cresce o número de estilos de maneira exorbitante. Nesta parte do espetáculo, os dançarinos apresentam para o público as coreografias criadas ao longo de cada década, passando pelo tango, dança burlesca, jazz, foxtrot, samba, forró, rock, disco e country. O espetáculo também contou com bailarinos convidados, tendo Victoria Napoli como representante do sapateado, Victor Hugo com uma performance de contemporâneo e o grupo coreográfico do projeto de extensão de Dança da UEPG, do professor Igor Fernando, apresentando o break, o hip hop e embalando o público na batida do funk. A também dançarina convidada, Bruna Gardinal, conta como foi a experiência dessa colaboração para ela.
O espetáculo, que contou com mais de sessenta bailarinos, esportistas e artistas de todas as idades, de crianças a idosos, encerrou com uma apresentação com todos os integrantes juntos no palco ao som da música pop brasileira “Parada Louca” e uma coreografia viral criada para a rede social Tik Tok. A dança final simboliza o momento atual do país, no qual se populariza cada vez mais as danças curtas pensadas para bombar na internet.
A História de Alan Oliveira com a dança
O professor e dançarino relata que entrou no *mundo* da dança, há 25 anos, através da escola. A partir do primeiro contato ele foi desenvolvendo um interesse pela área e buscando conhecê-la melhor. Ele narra a construção de sua própria escola, que já completa nove anos de atuação na cidade, e expõe que enfrentou muitas dificuldades no início até conquistar seu próprio espaço, algo que, para ele, ocorreu também pela baixa presença da dança de salão no cenário local. Nesse sentido, a trajetória do Studio Alan Oliveira e de seus dançarinos, definidos como família pelo fundador, inclui a realização de oito espetáculos em Ponta Grossa e um processo de adaptação para atravessar o período pandêmico.
Bailarinos do Studio Alan Oliveira e convidados reunidos para a reverência final. Foto: Joyce Clara.
Sobre o tema escolhido para o espetáculo, Alan expõe que inicialmente a ideia era apresentar uma proposta diferente, na qual ele já vinha trabalhando e que envolvia questões mais atuais da sociedade, planejamento que pretende seguir para o ano que vem. Porém, com o processo de preparação para a apresentação seu interesse no tema aumentou. Ele declara a importância das colaborações que fez com outros
dançarinos e escolas da cidade para construir a História da Dança. Por fim, Alan Oliveira descreve a importância da dança em sua vida.
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