O projeto de fotojornalismo Lente Quente, do curso de Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), lançou na segunda-feira, 29, o livro de fotos ‘Massacre 29 de abril: gás, bala, bomba e pimenta contra os professores do Paraná’ na Estação Arte, em Ponta Grossa, após dois meses do ocorrido no Centro Cívico de Curitiba.
O evento iniciou com falas de agradecimento à editora Estúdio Texto, Seção Sindical dos Docentes da UEPG (SINDUEPG), e aos que colaboraram com o livro. A produção foi financiada coletivamente pela internet (via Catarse) arrecadando mais de R$ 12 mil em menos de 30 dias. Segundo o estudante responsável pela curadoria do livro, André Jonsson, este tipo de ação estava faltando dentro do projeto, da universidade e na própria cidade. “Isto também serve de exemplo a outras pessoas que queiram fazer o financiamento coletivo por ser uma alternativa totalmente viável e democrática”, explica.
Além da exibição de depoimentos escritos pelos integrantes do Lente Quente e apoiadores em um telão, também haviam fotografias em exposição no local. Um coquetel foi oferecido ao público. Após o discurso de apresentação, os colaboradores receberam recompensas como exemplares do livro, dvds do documentário ‘Massacre 29 de abril’ e fotografias em diversos formatos. Cada livro estava à venda por R$29, preço especial de lançamento, e foi autografado pelos fotógrafos.
Para o coordenador do Lente Quente, Rafael Schoenherr, as fotos ganham valor por serem os olhos das pessoas que não conseguiram estar lá. “Mostramos imagens que algumas pessoas não querem que mostrem. Nós queremos que estas imagens circulem ainda mais”, acrescenta. O uso da Estação Arte para lançamento do livro de fotografias foi negociado pela editora Estúdio Texto com a Fundação de Cultura, que liberou o local por entender a necessidade da ocupação do espaço como um território cultural. “É preciso retomar com as exposições e os lançamentos culturais como eram feitos em outros tempos”, lembra Schoenherr, após o documentário produzido pelo Lente Quente sobre o 29 de abril ter sofrido censura e sua exibição no Cine-Teatro Ópera não ter sido liberada, decisão que depois foi revogada pelo prefeito Marcelo Rangel. Leia mais sobre aqui.
Estudantes de outros cursos da UEPG, como História e Enfermagem, também estavam presentes. “Sou filha, neta e sobrinha de professor e acho muito importante a iniciativa do livro para que a sociedade realmente saiba o que aconteceu”, ressalta a estudante do terceiro ano de Serviço Social Larissa Machado Janiaki. Já o professor e coordenador do curso do bacharelado em História da UEPG, José Roberto de Vasconcelos Galdino, comenta que o projeto se destaca não só pela técnica fotográfica, mas também pela percepção e sensibilidade em capturar determinadas situações.
As fotografias são dos estudantes Angelo Rocha, José Gabriel Tramontin, Pedro Guimarães, André Lopes, Rodrigo Menegat e do professor Rafael Schoenherr. “Esta experiência de estar lá fotografando, apesar de arriscada, meio suicida em algumas horas, contribui para minha carreira”, diz Pedro Guimarães. Além do risco, José Gabriel Tramontin ressalta a importância do esforço coletivo e comenta que, durante o período de greve, a cobertura das manifestações trouxe muito aprendizado nas questões éticas e morais. “Ver outros profissionais trabalhando e produzir o livro foi mais importante que muita aula que eu já tive”, diz.
A capa e o projeto gráfico são de Elaine Schmitt, pesquisadora do mestrado em Jornalismo da UEPG. Coordena a edição de imagens a jornalista e professora Marcia Boroski, também do curso de Jornalismo da UEPG. O livro contém 120 páginas com 62 imagens feitas no fim de abril em frente ao prédio da Assembleia Legislativa do Paraná, no Centro Cívico, em Curitiba. As fotografias são acompanhadas por textos de depoimento dos fotógrafos e de contextualização da greve docente em 2015. A intenção do projeto é continuar com a divulgação em outras cidades do Paraná, principalmente as que sediam universidades públicas.
Reportagem de André da Luz
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