Por João Vitor Rezende
Abro portão e Mauro me convida para entrar, contando que derrubou o celular e quebrou parte da tela ao me atender anteriormente. Entro e dou de cara com dois de seus quatro filhos sentados na sala. Nos oito eventos de 2017 (na época, estava preparando o nono) e nas outras 42 corridas há três anos, a família é parte fundamental para que os ‘Malucos dos Campos Gerais’ – como se intitulam – existam.
Mauro Fernandes era vendedor. Após o dia 1 de maio de 2014, com o primeiro encontro na Rua Iapó no bairro Rio Verde, ele se dedicou a ser maluco. Desde então, outras ruas nos bairros da Ronda, Nossa Senhora das Graças e também de localidades vizinhas, como Reserva, Castro, Prudentópolis e outras cidades dos Campos Gerais passaram a ser sua diversão e o seu sustento.
Orgulhoso, relembra com pompa as reportagens que elevaram o nome do grupo a nível estadual, nacional e internacional. Mesmo com esta repercussão conquistada neste ano, Mauro revela dificuldade em ter patrocínios para a promoção dos eventos. Com poucos patrocinadores fixos, boa parte dos gastos são cobertos pelas inscrições dos participantes nas corridas. O dinheiro restante só tem um destino após a última descida: “No final, a gente senta aqui em casa, pede uma pizza e todo mundo come junto”.
Taunay, a casa (ou a rua) do rolimã em Ponta Grossa
As onze categorias já passaram por diversas ruas e bairros de Ponta Grossa. Porém, encontraram um lar definitivo na Avenida Visconde de Taunay, no bairro da Ronda. Um dos companheiros de Mauro e piloto de ‘alto-nível’, João Fidelis conquista bons resultados desde as primeiras corridas. Logo quando foi chamado para correr, aceitou sem pestanejar: “sempre fui envolvido com competições, quando criança pratiquei alguns esportes. Quando o Mauro veio com essa ideia, me veio na cabeça de resgatar aquelas coisas da infância e eu tinha um carrinho guardado, aí tudo se encaixou”.
Outras ruas importantes de Ponta Grossa receberam o evento. Em setembro de 2014, a Rua Balduino Taques (uma das maiores vias no centro da cidade) sediou uma das corridas. Pela primeira e (provavelmente) a última vez. Além de ser uma pista pequena (cerca de 400m), é considerada “lenta”. Entretanto, Mauro considera que a ocasião foi importante para a popularização do grupo na cidade.
Antes de conquistar o asfalto ponta-grossense, o pai arrastou os filhos e a família toda pra brincadeira. Allison Fernandes, filho mais velho, foi incentivado desde criança e continua até hoje. “Meu pai não podia ver um par de rolamento que já falava: ‘vamos fazer um carrinho’. Isso até ele acumular vários carrinhos e a mãe ficar brava”, relembra Allisson. “Um dia ela disse: faça uma corrida ou se livre disso aí. Deu no que deu”, completa. Entretanto, algumas questões lhe fazem repensar a continuidade das corridas. Mas a ‘maluquice’ ainda não tem data para terminar: “Faço por teimosia e por gostar do que eu faço. Se eu não gostasse, não continuaria fazendo”.
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