De árvore em árvore, o esforço de um funcionário da Universidade Estadual de Ponta Grossa criou raízes, cresceu e produziu um grande resultado. Mário Cézar Bronguel, conhecido como “Mário Canário”, aos 56 anos, calcula que já plantou em torno de mil árvores ao longo da vida. E dentre os lugares que mais semeou, está o Campus Uvaranas da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), onde faz questão de plantar e multiplicar árvores de várias espécies.
O fascínio dele pelo hobby começou cedo. Mário se encantava com as árvores de Rio Azul, cidade cheia de árvores onde cresceu cultivando o prazer por plantar. Formado em Economia e Administração, tornou-se funcionário da UEPG no ano de 1989 trabalhando na secretaria da universidade.
A iniciativa em começar a plantar árvores na universidade veio em 2008, quando começou a trabalhar no Protocolo Geral. Com a construção do Centro de Convivência do Campus da UEPG em Uvaranas, Mário percebeu que o ambiente estava muito vazio e sem sombra para descansar. No mesmo ano, o Colégio Estadual Augusto Ribas juntamente, junto com o Núcleo de Estudos em Meio Ambiente (NUCLEAM), distribuía mudas para a população. “Na época eram doadas muitas mudas, algumas escolas até vinham pegar algumas para plantar, mas eu percebia que mesmo assim muitas plantas acabavam morrendo por não serem transplantadas”. Mário conta que na época havia falta de interesse das pessoas pelas plantas, foi quando resolveu pegar algumas mudas para plantar em volta do Centro de Convivência.
O funcionário lembra que lhe chamou a atenção o estacionamento ao lado do Centro de Convivência, que não tinha nenhuma sombra de árvore para deixar os carros, “o espaço do campus era grande e sem vida”. Tipuana (uma árvore com grandes galhos e com flores amarelo-douradas) foi a primeira que Mario plantou na Universidade. Recordar o local exato onde a árvore foi plantada é algo difícil depois de mais de 10 anos plantando no Campus. “Escolhi essa espécie, pois é uma árvore que cresce rápido e que tem galhos grandes para fazer sombra”.
Em anos de trabalho, Mário foi cada vez mais desenvolvendo o prazer por plantar árvores e já participou de vários projetos com engajo ambiental e, entre eles, o que mais se recorda foi um projeto da “Arte Mahikari”. A palavra “Mahikari” é formada por dois vocábulos: Ma (que significa verdade) e Hikari (que quer dizer luz); ou seja, “luz da verdade”, essa arte é uma corrente religiosa de menos de trinta anos de idade. Oriunda no Japão por efeito de “revelações” feitas a Sukuinushi-Sama entre 1959 e 1967, existe no Sul do Brasil e professa a existência da Luz Divina, que é aplicada aos enfermos e carentes por imposição de mãos (okiyome). Mário colabora com o desenvolvimento da Mahikari na cidade e difunde o poder da imposição das mãos a todos que fazem parte da sua convivência.
Essa arte também trabalha por questões ecológicas. Em março de 2018 desenvolveu com um grupo de jovens um trabalho de revitalização de mata ciliar na cidade de Fazenda Rio Grande, região metropolitana de Curitiba. “Foram plantadas mil árvores em um dia só, e no final da tarde veio uma chuva forte que parecia uma benção”.
A árvore favorita de Mário é o pinheiro, pois em sua infância, perto do lugar onde morava, colhia o pinhão para fazer sapecada, que é um prato típico da região sul em que juntam-se ramos secos da própria planta, chamados de grimpa, de modo a formar uma fogueira. Sobre essa fogueira colocam-se os pinhões e ateia-se fogo.
O sonho de Mário é que a cidade tenha mais árvores. Percorrendo a Universidade, ele vai reconhecendo as árvores que plantou: “eu planto por hobby, além de gostar eu vejo que Ponta Grossa tem muitas áreas que poderiam ter mais árvores, tanto para melhorar a qualidade de vida, quanto para deixar a cidade mais bonita”. Mário reconhece algumas árvores por nome, como um pinheiro plantado perto da pista de atletismo que chamou de “Joice” em homenagem à sua namorada. “Plantei essa árvore ao lado da pista de atletismo pois foi aqui que eu conheci a minha namorada durante uma tarde enquanto caminhava”.
Das espécies que já plantou revela o fascínio por tudo que aprendeu ao longo dos anos. “Plantar uma árvore é tudo de bom, tem árvores que dão alimento e têm outras que dão flores, por isso toda árvore tem a sua beleza”. Mario é uma das figuras que fazem o bem sem esperar reconhecimento. Conhecido por muitos alunos da Universidade, ele continua plantando suas árvores e mostrando que uma simples ação pode ajudar a transformar a natureza.
Ao final da entrevista Mário resolveu plantar uma árvore e colocar o nome da repórter que vos fala, a muda escolhida por ele é um pinheiro. O funcionário transplantou a muda ao lado da pista de atletismo da UEPG e a apelidou de Thaiz como forma de gratidão.
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