Por Bruna Camargo
Sem museólogos, com baixo quadro de funcionários e carência de recursos próprios, os museus públicos da região estão acostumados com o descaso do Governo Estadual. O Paraná também não oferece curso de Museologia em nenhuma universidade pública. A pesquisadora Milena Mayer, mestre em Ciências Sociais pela UEPG explica que os museus são negligenciados pelo Estado do Paraná. Ela comenta sobre a Coordenadoria do Sistema Estadual de Museus do Paraná (COSEM) não oferecer cursos de capacitação, oficinas ou palestras para os profissionais de museus do Paraná.
A falta de profissionais especializados é outra realidade que os museus públicos enfrentam A técnica cultural comenta a importância de profissionais habilitados em museologia. “Faz uma grande diferença, tanto para você pensar o acervo, tanto para você propor atividades variadas”.. A pesquisadora conta que das sete cidades dos Campos Gerais, entre elas, Palmeira, Ponta Grossa, Tibagi, Castro, Piraí do Sul, Telêmaco Borba e Jaguariaíva, apenas a última oferece o cargo de museólogo, porém a vaga não está preenchida. Para Mayer, as políticas efetivas podem contribuir para reverter o cenário atual.
Museu Municipal em PG
Milena Mayer defendeu em junho de 2015 uma dissertação sobre os museus públicos dos Campos Gerais. Ela fez um levantamento histórico dos espaços museais e entrevistou os responsáveis pelos museus para saber como os espaços são administrados e como funcionam as políticas públicas do órgão que administra o local. Além da influência das leis federais, com a criação do Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM), em 2009.
O único espaço de administração estadual é o Museu Campos Gerais em Ponta Grossa, que está sobre responsabilidade da UEPG. Hoje a cidade não dispõe de nenhum museu municipal. Em 2011 foi noticiado que Ponta Grossa teria o Museu do Ferroviário. O espaço que seria instalado na Estação Saudade deveria ter inaugurado em 2012.
A professora do departamento de Turismo Marcia Dropa comenta que pela maneira que Ponta Grossa se desenvolveu, a cidade carece de um museu que conte mais sua história, algo relativo à ferrovia, visto que foi esse sistema de transporte responsável pela urbanização de Ponta Grossa. Sobre a relação do poder público com os museus, Dropa acredita que deveria existir maior ingerência do estado com os espaços museais, além de políticas públicas efetivas.
As diretrizes da Política Cultural do Município de Ponta Grossa definidas em 2015 não apontam nenhuma questão sobre a preservação e valorização de museus, a memória das ferrovias para a cidade ou a criação de um museu municipal em Ponta Grossa.
Reportagem da edição de fevereiro de 2015 do jornal laboratorial Foca Livre
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