Morin com seus caminhos para a complexidade nos traz a percepção do mundo em que vivemos, conclui que sem o que é chamado de “percepção humana” cresce o individualismo, o egocentrismo, as forjações mentais e etc, aspectos que nos levam sempre para o lado negativo em relação a outras pessoas.
O mundo precisa de um rápido choque de mudança para sobrevivermos, motivo pelo qual já devia estar em foque na educação como um todo. E nós, como seres que precisam de um meio para demonstrar o verdadeiro “eu” e servem para estudo das relações humanas precisaríamos também de uma radical mudança de comportamento individual, mesmo que nossa liberdade de escolha não garanta a liberdade de efetivamente atuar sobre nossos atos, não podemos parar de tentar.
A “relação de ajustamento” com o mundo em que estamos, como cita Mead, deve ser deixada de lado quando o assunto deve ser precaução e prudência em um contexto maior. O momento é trágico, mas além de tudo, crítico e reflexivo, o que nos faz pensar sobre a importância do nosso papel como indivíduo, perante sua responsabilidade social e principalmente do dever como um todo.
Pensar até que ponto nossa liberdade, citada por Bauman, não fere alguém ou não prejudica um grande percentual de pessoas é inevitável quando uma pequena ação em um momento instável pode fazer a diferença para uma nação ou até mais de uma. Saber como agir corretamente em momentos de desespero e que faltam preparos para lidar com a nossa própria saúde mental e ajudar quem mais precisa no nosso convívio quanto quem está longe é desesperador e preocupante, pois como vamos ajudar uns aos outros sendo que não conseguimos nem nos auto ajudar?
A complexidade de Morin volta a se fazer presente nessa situação, quando ele diz que todos temos o mesmo destino, pois vivemos com os mesmos problemas, medos e tensões, quando afirma que precisamos não só compreender aos outros como a nós mesmos. Visto que o mundo está completo em falta de empatia e compreensão, o chama de câncer do relacionamento entre seres humanos. Em situações difíceis, como por exemplo, uma doença que chega do nada e se torna algo complexo, ou até uma pela qual você já espera, acabam se tornando uma incógnita, aliás, doenças, dependendo de seus níveis de gravidade, são incógnitas.
Ressaltando que o preparo psicológico que um ser humano empático precisa ter em momentos delicados é grande, saber lidar com o problema e com tudo que o convém é enfrentador. O coronavírus, como exemplo de um acaso, chegou do nada, para nos mostrar o quanto precisamos da compreensão humana citada anteriormente, e das escolhas conscientes de liberdade abordadas por Bauman. O vírus, que se espalha rápido, mostra com frequência a inconstância em que vivemos, a incerteza da vida e a falta da busca pela empatia.
A humanidade reatando-se consigo mesma pode extirpar o câncer da incompreensão e combater esse vilão que veio com um único intuito, nos mostrar o quão somos fracos, sozinhos e nos lembrar de que “o próprio acaso não é certo que seja acaso” (MORIN, 1994: 139).
Apresentação da autora
Brendha Ribas é estudante de Farmácia na Faculdades Pequeno Príncipe. Sempre atenta a questões sociais, gosta muito da reflexão sobre o tema.
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