O pedaço holandês dos Campos Gerais

A participação da Holanda na história do Brasil remonta séculos passados. As grandes navegações e o Mercantilismo aquecem o comércio europeu e, portanto, os olhos do velho mundo voltam-se para a América, consequentemente, para o Brasil.

Assim como a maioria das referências culturais estrangeiras que o país adquiriu, a holandesa só foi possível por conta do interesse dos batavos nas possibilidades econômicas do Brasil. Desta forma, todo o contexto de guerras de independência, disputas territoriais e expansão marítima levam os holandeses ao nordeste brasileiro no fim do século XVI.

Nas escolas do país inteiro, a relevância da colonização holandesa no nordeste é ensinada com destaque. Nomes como o de Maurício de Nassau, governador da colônia holandesa no Nordeste de 1637 a 1644 e incentivador do desenvolvimento cultural da região na época, são referência nos estudos da história nacional. Contudo, a maior parte do país desconhece que um grande pedaço da Holanda se encontra no sul, em Carambeí.

Carambeí, nome indígena que significa “rio das tartarugas” é a ironia facilmente percebida pela própria arquitetura da cidade. O nome nativo titula o município recheado de traços holandeses que a propósito se explicam pela participação batava em sua construção.

Durante o Segundo Reinado o incentivo à imigração é crescente e formaram-se inúmeras colônias no sul do país. Chegaram à região a partir do final do século XIX e início do século XX suíços, alemães, poloneses, holandeses e diversos outros colonos que se instalaram no Paraná, marcadamente nos Campos Gerais, a fim de servir como mão-de-obra às atividades do estado.

De todo modo, as paisagens da região não foram suficientes para assegurar a felicidade dos imigrantes. No caso dos holandeses, quando já planejavam a volta para a Holanda, receberam uma proposta da Brasil Railway Company que os leva, por volta de 1910, à fazenda Carambeí. Estas eram terras do estado vendidas a prazo para os colonos sob a condição que oferecessem leite e queijo aos trabalhadores da ferrovia construída pela companhia. É desse acordo e com a chegada de três famílias (as três primeiras) em Carambeí – Jan Verschoor, Leendert Verschoor e Jan Vriesman – em 1911 que se inicia a formação do município bem como a marcante participação cultural holandesa nos Campos Gerais.

Reportagem de Hellen Bizerra

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