Peça em homenagem a Ariano Suassuna “Ariano: O Cavaleiro Sertanejo”percorre a vida do dramaturgo nesta segunda-feira no FENATA

A peça “Ariano: O Cavaleiro Sertanejo” se apresentou na categoria TeatroAdulto na segunda-feira, 12 de novembro, no 46º Festival Nacional de Teatro e Artes(FENATA). A obra é uma realização de Os Ciclomáticos Companhia de Teatro, dacidade do Rio de Janeiro. Ela utiliza do método Teatro Seminário, ou seja, a vida e asobras literárias do autor homenageado, Ariano Suassuna, se misturam ao contar ahistória.

A peça conta a história de seis pessoas que estão tentando encontrar Suassuna,visto que sua braveza é conhecida na região dos personagens, o Nordeste. Regiãocaracterística na vida e literatura do homenageado. Ao tentar encontrar esse clamadograndioso homem, os personagens relembram a história dele, passando por pontosimportantes de sua vida: a morte de seu pai, o encontro com o amor da sua vida e atémesmo sua morte. Entrelaçado com isso, os personagens também passam por algumasdas histórias que Suassuna escreveu, deixando o método do Teatro Seminário comopeça chave da obra. Tudo isso, contado também com músicas com instrumentos maistradicionais do nordeste, já que o espetáculo é um musical.

Os personagens principais ao decorrer os capítulos da vida do dramaturgo, sevêm, pelo menos uma vez na peça, interpretando o próprio. Quase no final da peça, aMoça Caetana se encontra com Suassuna. Moça Caetana ficou marcada nos versos dosoneto “A Moça Caetana – A Morte Sertaneja” do dramaturgo, como umarepresentação da morte. Assim, os personagens presenciam a Moça Caetana levando odramaturgo desse mundo, a morte dele, no dia 23 de julho de 2014. Depois disso, hádesesperança, tristeza, entre os personagens que tão desesperadamente queriamencontrar esse cavaleiro sertanejo.

Até que um deles, que não é nomeado em momento algum da peça, exclama“Agora somos Ariano”, e há de declamar que não há se ter desesperança, masjustamente o contrário, Ariano Suassuna estava presente um pedaço em cada um deles,e do público também. Os personagens quebram a quarta parede e falam para osexpectadores como o dramaturgo marcou a vida de cada brasileiro, como ele queriauniversalizar a cultura brasileira e nordestina em um país que tende a se desvalorizartanto. E depois desse discurso dos personagens carregado de emoção, a peça se encerra,e o público explode em aplausos e assobios. No final, todos que assistiam aapresentação estavam em pé ovacionando os atores.

Sandra da Silva, professora de português, no final da peça encontrava alguma desuas alunas no lugar. “Pra mim já foi especial por ser uma homenagem a alguém daminha área. É ainda mais maravilhoso ver que elas estão construindo seus mundos apartir dessas ideias”, diz. Após a apresentação, o diretor Ribamar Ribeiro, e os atores Getúlio Nascimento, Julio Cesar Ferreira, Nivea Nascimento, Renato Neves, FabiolaRodrigues e Carla Meirelles abriram uma roda de conversa aos jurados e ao públicosobre a peça. Essa conversa percorreu vários temas, como o homenageado, o processode criação da peça e a própria arte do teatro. José Leandro, farmacêutico, diz que é aterceira peça que viu nesta edição do FENATA. “Foi fantástico, a minha preferida atéagora. O conjunto da obra, a linguagem simples, a musicalidade, é muito divertido”,fala o farmacêutico. Na roda de conversa, os atores falaram sobre o acompanhamento deuma fonoaudióloga durante a preparação da peça. A especialista faz um aquecimentoespecífico para cada ator, adaptando também, a música nordestina.

Ribamar Ribeiro, o diretor da peça, conta que ela foi um pedido do SESC Rio deJaneiro para homenagear Ariano Suassuna e estrear na data em que seria seu aniversáriose o dramaturgo estivesse vivo, 16 de junho. Porém, esse pedido foi feito em meados demaio, e eles tiverem 35 dias para montar a peça e se apresentar, a apresentação doFENATA foi a 12º feita pela Companhia. “Apesar de eu ser apaixonado pelo Suassuna,não foi a gente que escolheu ele. Foi ele que escolheu a gente”, afirmou Ribeiro.

Foto: Ana Istschuk

O diretor ainda explica que ao passar pela vida de Suassuna, um pedaço dodramaturgo foi ficando em cada um dos personagens e que quis deixar a regionalidadeque é marca tão forte na literatura do autor, também forte na peça, com música e dançasnordestinas. “É maravilhoso percorrer o país com essa peça. É brasil, a gente ébrasileiro, temos que universalizar nossa cultura”, concluiu Ribeiro. O 46º FestivalNacional de Teatro Arte tem espetáculos até essa quarta-feira, 14 de novembro. Parasaber da programação da peça “Ariano: O Cavaleiro Sertanejo” ou outros espetáculos daCompanhia, deve-se acessar o site.

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