João Paraílio Cunha ou o seu Paraílio – como ficou conhecido – foi um dos grandes músicos que a cidade já teve. Tendo recebido várias homenagens, como título de Cidadão Honorário do Município, homenagem na Semana da Cultura Bruno e Maria Enei, reconhecimento do Movimento Consciência Negra de Ponta Grossa, entre outros, ainda é guardado na lembrança de quem conviveu ou assistiu a uma de suas apresentações.
Nascido em Castro, em 27 de junho de 1925, seu Paraílio começou a tocar instrumentos musicais aos 17 anos. Autodidata, foi o pioneiro na família, aprendeu partituras que mais tarde influenciariam o neto.
Ainda aos 17 anos começou a trabalhar na Rede Ferroviária em Castro, até ser empregado na Indústria Matarazzo em Jaguariaíva. Foi na empresa que formou um grupo, na qual eram até dispensados para fazerem apresentações com músicas da época.
Filha de seu Paraílio, a professora Alda de Fátima Cunha lembra que quando retornaram a Castro, o pai já era cultuado na cidade. “Apesar de a cidade ser pequena, valorizavam muito o lado histórico. Lembro que ainda criança meu pai sempre me levava para prestigiá-lo no teatro cantado e nas várias apresentações que ele fazia”, conta.
Em 1968, João Paraílio foi transferido para Ponta Grossa. Segundo Alda, quando chegaram ao município, não havia mais apresentações de cantores nos bairros: “Ponta Grossa já tinha perdido a tradição das grandes apresentações nos bairros, que Castro ainda preservava”.
Foi apenas dez anos depois, com a aposentadoria em 1978, que seu Paraílio retomou de fato à música. Nessa época formou um grupo com músicos de Ponta Grossa, no qual se dedicaram a seresta. O grupo tocava inclusive num programa ao vivo da TV Esplanada.
Em meados da década de 1980, ele e amigos formaram um grupo dedicado exclusivamente ao chorinho. O “Choros Eternos” representou Ponta Grossa em várias cidades do estado. Em 2001, o grupo – com o apoio da Prefeitura – gravou um CD.
Contudo, o músico não tocava apenas choro. Na música sacra, foi um dos criadores do grupo de música da Capela Nossa Senhora do Carmo.
Seu Paraílio também influenciou familiares. Fabrício Cunha, o neto, começou a tocar desde criança. Passou pelo grupo Cabide de Molambo (que já fez homenagem ao avô em 2006 no Sesc), fez parte do Grupo “Novos Malandros” que apresenta chorinho e samba de época e hoje é integrante da Banda Mandau.
Apesar do fim do grupo Choros Eternos em 2005, João Paraílio eventualmente se apresentava com grupo de jovens músicos, e realizava várias participações onde era convidado. Também participou do filme Cafundó.
No dia 26 de setembro de 2008, a região perdeu um grande representante da cultura, imortalizado pelas lembranças de quem presenciou o modo único de tocar de João Paraílio Cunha.
Reportagem de Ana Paula Mendes e Weslley Dalcol
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