Projeto Fissura apresenta filme ‘Umberto D.’

Do cinema à filosofia. O filme italiano ‘Umberto D.’, dirigido por Vittorio De Sica, foi selecionado para a 4° sessão do Projeto Fissura deste ano. A escolha do longa-metragem foi para celebrar e relembrar a passagem do escritor e filósofo Albert Camus pelo Brasil, há 70 anos. O evento aconteceu no Museu Campos Gerais no último sábado (14).

O longa narra a história de Umberto Domenico Ferrari, um idoso que vive na miséria em um cenário de pós-guerra (1952) na Itália, onde é despejado de seu quarto alugado. Com isso, Umberto sai pelas ruas com seu único companheiro: o cachorrinho Flik. O filme faz referência à filosofia do absurdo, de Albert Camus, em que o ser humano não vê sentido em sua relação com o mundo.

Durante o debate, que ocorre após a sessão do filme, foram discutidas as obras de Camus que têm semelhanças com ‘Umberto D.’, como ‘A peste’ e ‘O estrangeiro’. Os livros tratam da filosofia do absurdo e a relação direta com o filme se deu, em específico, na temática do suicídio.

O coordenador do projeto, John Maycon Daner Campos dos Passos, afirma que a passagem do longa-metragem que mais se destaca, pelo relacionamento com as obras de Camus, é o final. “No final, quando Umberto não vê mais por onde ir, não tem lugar, não tem alguém, não tem nada além do cachorro e das suas roupas, e aí por um súbito momento ele vê a possibilidade de acabar com a vida, se matando”, diz. Luan Henrique Tavares, também coordenador do Fissura, avalia o final e conclui, de acordo com a filosofia, que o que mantém o personagem vivo é o conceito da morte.

O cenário do filme é de miséria por se passar no período pós-guerra, quando muitos idosos sofriam pelas poucas pensões que o governo dava aos aposentados. Na discussão do filme, este fato foi contraposto à atualidade pelo estudante de História, Juliano Lima. “Se a gente pensar que no Chile os índices de suicídio estão aumentando, principalmente, porque o Estado não dá subsídio para os aposentados, o filme aborda um debate contemporâneo”, compara. Juliano também relatou a semelhança com a realidade do Brasil, apontando os impactos da reforma da previdência.

No próximo sábado (21) será exibido o documentário ‘O Amanhã é Hoje’. A sessão acontece às 15 horas no Museu Campos Gerais. O filme retrata os impactos das mudanças climáticas e como isso afeta a sociedade. A exibição do documentário faz parte do movimento mundial ‘Fridays for future’, que acontece entre os dias 20 e 27 de setembro.

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