Quinta exibição da peça Retalhos aborda temáticas LGBTQIA+ e saúde mental

Por Alex Dolgan

Retalhos narrativos sobre as nuances do amor costuradas e cuidadas pelo tempo é a premissa principal do espetáculo teatral “Retalhos”, escrito pela professora de teatro Bianca Almeida.  Em sua quinta exibição no palco do Cine Teatro Ópera, desta vez dirigida pela instrutora de arte Lorena Ferreira, a peça foi apresentada no dia 11 de junho para formação da turma de atores iniciantes da Escola de Artes Bianca Almeida.

Com adaptações para a nova edição, o espetáculo Retalhos foi bem recebido pelo público. Leonardo Moreira estava presente na plateia e comenta sobre as alterações trazidas pela diretora Lorena Ferreira. “Eu gostei muito das temáticas que a peça trouxe, como o amor de pessoas LGBTQIA+. Essas temáticas são muito pertinentes para serem discutidas quando se fala de amor”. Leonardo observa que as cenas foram marcantes e trouxeram um efeito diferente para cada um que assistiu a peça. 

O amor LGBTQIA+ não estava no roteiro original de Retalhos em 2016, foi a primeira vez que a temática foi discutida no palco do espetáculo.  A roteirista, Bianca Almeida, fala dos motivos de abordar essa pauta na quinta edição da peça teatral. “A temática é um dos assuntos que mais precisávamos apresentar. É um meio de lutar contra o preconceito e quebrar as concepções homofóbicas”. 

Retalhos é narrado pelas personagens do amor e do tempo, enquanto, em um segundo plano, apresenta a história e a experiência de uma família que passa por todas as nuances do amor. A personagem que representa o amor é tratada como um garoto ingênuo e imaturo e a personagem que representa o tempo é tratada como uma senhora dura. A peça discorre sobre a discussão entre os dois e depois mostra os problemas de uma família sem amor. 

No plano familiar, a narrativa traz temas como a baixa autoestima, abuso sexual e problemas psicológicos, apresentados de forma artística. A produção cuidou para as cenas não serem fortes e causaram desconforto ao público. “Foi difícil fazer a cena de abuso sexual para o público. Foi pensado em não ser pesado e causar muitos gatilhos a quem assiste”, afirma Bianca Almeida. 

A espectadora Sabrina Rocha comenta que abordar esses temas ajuda a entender o sentimento de quem sofre abuso sexual. “Eles tiveram a sensibilidade de avisar sobre os assuntos que seriam expostos e mostrá-los de forma artística”, complementa. 

Conforme as citações apresentadas no final do espetáculo, a peça tem como objetivo mostrar que existem vários tipos de amor e que a falta dele traz problemas para o dia-a-dia. Ao final, a peça orienta que alguns dos temas tratados fazem alusão ao cuidado da saúde mental e salienta a necessidade do acompanhamento psicológico. Frases como “o amor não machuca”, “depressão é doença e deve ser tratada” e “abuso nunca será culpa da vítima” são citadas nos minutos finais do espetáculo.

 

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