Tradição e religiosidade: as celebrações religiosas em língua estrangeira em PG

A colonização do Paraná se deu principalmente pelos imigrantes. A diversidade étnica do Estado é resultado dessa variável. Alemães, japoneses, poloneses, ucranianos, italianos, espanhóis e outros ajudaram a constituir a identidade cultural do Paraná.

Estima-se que existam hoje no Brasil cerca de 300.000 descendentes de ucranianos, dos quais 90% estão no Paraná. “Na região acontece algo que é inédito: a quinta geração de ucranianos ainda preserva a língua e os costumes dos antepassados, o que não é visto em outros lugares do mundo“, conta Regina Chicoski, pesquisadora em Língua, História e Cultura Ucraniana.

Na Paróquia Transfiguração de Nosso Senhor, no bairro da Nova Rússia, que segue o rito católico ortodoxo ucraniano, apenas no sábado a celebração é realizada em português. No domingo, a missa solene é realizada em ucraniano – somente o evangelho é lido em português. Sueli Hellmann de Souza, secretária da paróquia, conta que a procura é grande para as celebrações em ucraniano. “Em cada missa, participam em média de 300 a 500 pessoas.

Existe um público cativo para as missas e os fiéis participam bastante”, diz.
A  maior parte das igrejas de Ponta Grossa parou de realizar as celebrações na língua original dos imigrantes. As Igrejas Católica Polonesa e Evangélica Luterana Bom Pastor, por exemplo, cessaram as celebrações em língua estrangeira há mais de 10 anos. “O grupo de pessoas interessadas foi diminuindo. A maioria era mais idosa, e conforme vão morrendo, os jovens não se interessam tanto. A maioria dos nossos jovens nem sabe mais falar alemão”, conta Rute Gueibel, secretária da Igreja Bom Pastor.

Mesmo sem haver mais celebrações em alemão, a Igreja Bom Pastor ainda tem um grupo de senhoras que se reúne quinzenalmente e fazem meditações e cantos em alemão. “As pessoas de maior idade têm mais interesse em manter a língua e as tradições de origem, até pela nostalgia que isso traz”, conta Gunda Nerling, participante do grupo de senhoras.

Reportagem de Aline Jasper e Andressa Kaliberda

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