“Um teatro que fala de alegria, malandragem e ambição”

A Cia Impacto em Cena apresentou “Cordel do cavalo e do sabido” na Mostra Campos Gerais na tarde de domingo (11), no Cine Teatro Pax. O enredo se baseia no cordel “O cavalo que defecava dinheiro” de Leandro Gomes. Cerca de 50 pessoas assistiram a peça.

Com um cenário simples, que representa uma casa, a história do nordestino Severino é contada em diálogos e música. Ele é um malandro que, para conseguir dinheiro para alimentar a si e sua esposa, engana um coronel fingindo que seu cavalo defecava dinheiro. Ao descobrir a farsa, o coronel vai até a casa de Severino que inventa uma nova história para engan-alo e conseguir mais dinheiro. Assim o protagonista vai ludibriando todos e ficando cada vez mais ambicioso. Contudo, ele não termina impune na história. Ao tentar enganar até mesmo o diabo, Severino tem como punição voltar a viver como um animal.

Os figurinos são coloridos e simples, caracterizando um ambiente nordestino. Os atores amadores dão vida aos personagens de forma divertida e alegre, fazendo a platéia rir. Contudo, algumas piadas foram criticadas pelos jurados durante o bate-papo após a apresentação. “A gente sabe que a cultura popular é uma cultura extremamente preconceituosa, mas a gente pode repensar, como artistas, o que que a gente quer reafirmar hoje, sem sair da cultura popular”, sugere a jurada Fabiana Monsalú sobre os próprios personagens poderem questionar dentro da cultura popular os preconceitos como machismo e homofobia. “O lugar do teatro é um lugar de formação, de informação, é o lugar da gente mexer nas feridas, para gente poder questionar, para gente poder transformar alguma coisa”, defende a jurada.

O espetáculo foi criado em 2006 e as apresentações seguiram até 2012. A peça já ganhou 32 prêmios. A equipe amadora continuou montando outros espetáculos, mas esse ano, por falta de recurso financeiro, não conseguiu montar algo especificamente para o festival. Assim, os atores resgataram  “Cordel do cavalo e do sabido” para participar desta edição do FENATA.

“Eu vi, há uns três anos, um musical que vocês trouxeram para cá [Patativa em Ispinho e Fulô] que era muito mais elaborado. Eu imagino que vocês ter tido pouco tempo para remontar esse espetáculo porque aquele era muito mais elaborado, muito mais cuidado”, compara o jurado Rafael Camargo no bate-papo, sem deixar de considerar as dificuldades que envolvem o teatro amador. A peça deste ano era originalmente apresentada com as canções ao vivo, mas nessa apresentação as músicas foram dubladas. Os atores explicaram as dificuldades que passaram esse ano justificando suas decisões para a apresentação da peça.

Severino se despede do cavalo que vendeu para o coronel. |  Foto: Ana Istschuk

“A gente procura participar todos os anos porque a estrutura do FENATA é muito bacana, essa troca com os jurados, isso tudo é muito bacana para o grupo que sai daqui cada vez maior, cada vez melhor e sempre evolui”, avalia o ator que interpreta Severino Igor Moreira, que também é professor de educação física. A companhia de teatro é de Palmeira (PR) e existe há 19 anos. Eles fazem, em média, dois espetáculos por ano e com frequência se apresentam em festivais. Os temas das peças que montam são variados, contudo, geralmente são comédias. O grupo foi o último a se apresentar na categoria Campos Gerais, que contou com 3 espetáculos: “A vizinhança” do grupo Bragatto Produções Artísticas, “Aquele dos amigos” do Núcleo Expressão Teatral e “Cordel do cavalo e do sabido” da Cia Impacto em Cena.

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