Governo e deputados estaduais do Paraná, que privatizaram o Parque Estadual Vila Velha, já têm uma primeira conta a explicar (e pagar) ao povo paranaense. O acervo de décadas de pesquisa e trabalho do ex-professor paranaense João José Bigarella (1923 – 2016), que estava nas dependências do Parque, está sendo ‘partilhado’ entre entidades interessadas, depois que a empresa Soul Parques passou a administrar Vila Velha em 2020 e devolveu o material à Fundação Bigarella (Funabi).
É da jornalista Bruna Bronoski a reportagem (única, até o momento), publicada pelo jornal Plural (em 24/08/21), que atualiza o desmonte do que foi o projeto do museu geológico junto ao Parque Estadual Vila Velha, que nunca saiu do papel, graças ao silêncio, descaso ou alguma outra justificativa da gestão dos governos Roberto Requião (MDB, 2003-2010), Beto Richa (PSDB, 2011-2018) e Ratinho (PSD, 2019 em diante), todos cientes da necessidade de tomar uma atitude concreta. O museu ficou no papel ou em promessa!
“E, agora, José?”, pergunta um insistente Poeta. O que dizem e fazem os agentes políticos e administrativos corresponsáveis para tentar reverter o descaso com um patrimônio científico de valor incalculável, que foi ‘devolvido’ pela concessionária privada do Parque Vila Velha?
O que diz e pode fazer a prefeita de Ponta Grossa (Elizabeth Schimdt/PSD), o presidente da Câmara Municipal de PG (Daniel Milla/PSD), os deputados estaduais da Região (Plauto Miró/DEM e Mabel Canto/PSC), os amigos ‘ocasionais’ e cargos comissionados do governador Ratinho (PSD), os ex-prefeitos (Péricles Mello/PT e Marcelo Rangel/PSDB), que seguem em cargos comissionados na assembleia ou governo estadual e a reitoria da UEPG (Professor Miguel Sanches Neto)? Por acaso, algum gestor público teria sugestão e proposta de ação concreta para recuperar e garantir a instalação do Museu Geológico no Parque Estadual de Vila Velha, que é reconhecidamente o local mais indicado para sediar e disponibilizar o acervo do Professor Bigarella no Paraná?
Inaceitável que a Cidade de Ponta Grossa, o Parque Vila Velha e o Estado não tenham gestores políticos e administrativos capazes de resolver um problema que se arrasta há mais de uma década, por diversas e inexplicáveis razões, que hoje comprometem a história, a cultura, o turismo e a identidade do Paraná. É hora de cobrar compromisso e uma ação efetiva de quem representa os diversos setores interessados e envolvidos no problema que se tornou o prometido Museu Geológico Professor Bigarella. Não é uma simples reflexão, mas um convite à imediata responsabilidade coletiva de gestão pública!
Sérgio Gadini, professor da UEPG, jornalista. E-mail: slgadini@uepg.br
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